Se o sentimento nos cega,
Pr'a que lhe damos guarida?
A razão que se nos nega;
A razão da nossa vida.
Se o sentimento nos trai
A cada passada em falso,
Não se adivinha onde vai
Mas vamos no seu encalço.
Se o sentimento nos mata
Mas dá vida enquanto há vida,
Por que há-de a razão ingrata
Recusar-se a ser vencida?
Desnorteados seguindo
Dos caprichos a vontade,
Da razão nos vão despindo
Que nem ela os dissuade.
Vivemos porque sentimos;
Pensamos porque vivemos;
Quando pensamos, mentimos;
Se não mentimos, morremos.
27/03/2017
16:02
terça-feira, novembro 12, 2019
quinta-feira, setembro 12, 2019
Ansiedade
Porque me deixo embalar
Por esta coisa esquisita,
Esta coisa que me habita
Tomando à paz o lugar?
Porque me deixo ficar
Nesta coisa indefinida,
Nesta atenção distraída
Ao que não quero pensar?
Porque me deixo entreter
Por esta coisa anormal?
Será que quero afinal
O que não sei nem dizer?
Porque me deixo vencer
Nesta ansiedade de morte,
Esta coisa à toa, à sorte
Que não consigo entender?
Porque a não deixo fugir
Desta morada inconstante
Onde agita a cada instante
Receios do que há-de vir?
Porque só sei eu fingir
Que nada trago no peito
Quando trago o ser desfeito
Desta coisa a consumir?
Porque me deixo embalar
Vencer, ficar e fingir,
Sem nunca me permitir
A simplesmente parar?
03/03/2019
03:18
Por esta coisa esquisita,
Esta coisa que me habita
Tomando à paz o lugar?
Porque me deixo ficar
Nesta coisa indefinida,
Nesta atenção distraída
Ao que não quero pensar?
Porque me deixo entreter
Por esta coisa anormal?
Será que quero afinal
O que não sei nem dizer?
Porque me deixo vencer
Nesta ansiedade de morte,
Esta coisa à toa, à sorte
Que não consigo entender?
Porque a não deixo fugir
Desta morada inconstante
Onde agita a cada instante
Receios do que há-de vir?
Porque só sei eu fingir
Que nada trago no peito
Quando trago o ser desfeito
Desta coisa a consumir?
Porque me deixo embalar
Vencer, ficar e fingir,
Sem nunca me permitir
A simplesmente parar?
03/03/2019
03:18
quinta-feira, março 07, 2019
O Princípio da Incerteza
Que bizarra a natureza
Quando vista ao pormenor
Nesse delírio suspenso
Entre ser-se e não se ser
O princípio de incerteza
Sempre nos leva a melhor
No seu real contra-senso
De se saber sem saber
Parece contradição
Esta essência indefinida
Que nos deixa a duvidar
Da nossa própria contenda
E às vezes esta impressão
De qualquer coisa escondida
Na espuma que o nosso olhar
De silício não desvenda
Já dizia o Heisenberg
Que o olhar tudo transmuta
E o real não é igual
Ao que pensámos que vimos
Esta razão que nos ergue
Das sombras da nossa gruta
Também nos mostra afinal
Que nunca de lá saímos
06/03/2019
17:52
Quando vista ao pormenor
Nesse delírio suspenso
Entre ser-se e não se ser
O princípio de incerteza
Sempre nos leva a melhor
No seu real contra-senso
De se saber sem saber
Parece contradição
Esta essência indefinida
Que nos deixa a duvidar
Da nossa própria contenda
E às vezes esta impressão
De qualquer coisa escondida
Na espuma que o nosso olhar
De silício não desvenda
Já dizia o Heisenberg
Que o olhar tudo transmuta
E o real não é igual
Ao que pensámos que vimos
Esta razão que nos ergue
Das sombras da nossa gruta
Também nos mostra afinal
Que nunca de lá saímos
06/03/2019
17:52
domingo, março 03, 2019
A outra vida
Mote
Quem sabe se noutra vida
A vida fora dif'rente?
Se apenas nesta se lida
Que dif'rença faz à gente?
Glosas
Não há dúvida maior
Na vida que nós vivemos:
Que é de nós quando morremos?
Vamos desta p'ra melhor?
Nunca nada ao meu redor
Me deu resposta devida.
Haverá ou não guarida
Do outro lado da morte?
Fico na mesma, sem sorte...
Quem sabe se noutra vida...?
Ninguém sabe o que isto é,
O mistério que interrogo.
Somos nascidos e logo
Já nós andamos de pé;
Rapidamente um bebé
Faz-se belo adolescente;
Para adulto, é um repente
E a velhice já lhe espreita.
Talvez na terra perfeita
A vida fora diferente.
Muito se diz por aí
Sobre este caso bicudo,
Eu cá duvido de tudo
Pois foi assim que aprendi.
Mais vidas não conheci,
Nem sei que seja sabida
Alguma vida escondida
Depois que a gente é defunta.
De que me serve a pergunta
Se apenas nesta se lida?
Muito nos interrogamos
Sobre o que está mais além
Será porque não convém
Olhar p'ra vida em que andamos?
Afinal onde é que estamos?
Que fazemos do presente?
Deve ser-se consciente
Da estrada que se percorre,
Que enquanto a gente não morre
Que dif'rença faz à gente?
23/02/2018
00:47
Quem sabe se noutra vida
A vida fora dif'rente?
Se apenas nesta se lida
Que dif'rença faz à gente?
Glosas
Não há dúvida maior
Na vida que nós vivemos:
Que é de nós quando morremos?
Vamos desta p'ra melhor?
Nunca nada ao meu redor
Me deu resposta devida.
Haverá ou não guarida
Do outro lado da morte?
Fico na mesma, sem sorte...
Quem sabe se noutra vida...?
Ninguém sabe o que isto é,
O mistério que interrogo.
Somos nascidos e logo
Já nós andamos de pé;
Rapidamente um bebé
Faz-se belo adolescente;
Para adulto, é um repente
E a velhice já lhe espreita.
Talvez na terra perfeita
A vida fora diferente.
Muito se diz por aí
Sobre este caso bicudo,
Eu cá duvido de tudo
Pois foi assim que aprendi.
Mais vidas não conheci,
Nem sei que seja sabida
Alguma vida escondida
Depois que a gente é defunta.
De que me serve a pergunta
Se apenas nesta se lida?
Muito nos interrogamos
Sobre o que está mais além
Será porque não convém
Olhar p'ra vida em que andamos?
Afinal onde é que estamos?
Que fazemos do presente?
Deve ser-se consciente
Da estrada que se percorre,
Que enquanto a gente não morre
Que dif'rença faz à gente?
23/02/2018
00:47
sábado, março 02, 2019
Jardim de Saudade
Estes versos que hoje canto
São saudades em botão.
No jardim do desencanto,
Todos os versos que planto
São rebentos da paixão.
São penas que remanescem,
Dissabores que ato em molhos;
Mágoas que brotam e crescem,
Fazem-se versos, florescem,
Regados pelos meus olhos.
São lembranças que, a cantar,
Transplanto pela raiz,
De outro tempo, outro lugar,
De outro jardim tão vulgar
Onde o fado não me quis.
Por isso canto e me vejo
Neste jardim de saudade,
Onde as flores que versejo
São botões do meu desejo
De ser jardim sem idade.
25/02/2019
18:03
São saudades em botão.
No jardim do desencanto,
Todos os versos que planto
São rebentos da paixão.
São penas que remanescem,
Dissabores que ato em molhos;
Mágoas que brotam e crescem,
Fazem-se versos, florescem,
Regados pelos meus olhos.
São lembranças que, a cantar,
Transplanto pela raiz,
De outro tempo, outro lugar,
De outro jardim tão vulgar
Onde o fado não me quis.
Por isso canto e me vejo
Neste jardim de saudade,
Onde as flores que versejo
São botões do meu desejo
De ser jardim sem idade.
25/02/2019
18:03
quarta-feira, fevereiro 27, 2019
Tudo na vida é mentira
Mote
Tudo o que a vida nos dá
Tudo o que a vida nos tira
Tudo o que vida será
Tudo na vida é mentira
Glosas
A vida é só como um vento
Um breve sopro e já está
Toda a vida é um momento
Tudo o que a vida nos dá
A vida que nos derrota
A mesma que nos inspira
Tudo na vida se esgota
Tudo o que a vida nos tira
Que vida esta sem norte
Uma vida ao deus-dará
Tudo na vida é à sorte
Tudo o que a vida será
A vida é sempre querer
Uma vida a que se aspira
Toda a vida p'ra morrer
Tudo na vida é mentira
23/02/2018
00:12
Tudo o que a vida nos dá
Tudo o que a vida nos tira
Tudo o que vida será
Tudo na vida é mentira
Glosas
A vida é só como um vento
Um breve sopro e já está
Toda a vida é um momento
Tudo o que a vida nos dá
A vida que nos derrota
A mesma que nos inspira
Tudo na vida se esgota
Tudo o que a vida nos tira
Que vida esta sem norte
Uma vida ao deus-dará
Tudo na vida é à sorte
Tudo o que a vida será
A vida é sempre querer
Uma vida a que se aspira
Toda a vida p'ra morrer
Tudo na vida é mentira
23/02/2018
00:12
terça-feira, fevereiro 26, 2019
Alguéns
Alguém que quis mostrar-me paraísos
Alguém que quis mostrar-me infernais cenas
Alguém que, estando triste, me deu risos
Alguém que, sendo alegre, me deu penas
Alguém que a mão estendeu quando caí
Alguém que o pé esticou p'ra me tombar
Alguém que me abraçou quando sofri
Alguém que se escusou de me abraçar
Alguém que trouxe ao mundo algo de novo
Alguém que destruiu algo no mundo
Alguém que deu de si mesmo ao seu povo
Alguém que fez do povo um moribundo
Alguém, há sempre alguém que espalha amor
Porém, há sempre quem o não entenda
Também há quem lhe aumente o seu valor
E há quem, por mais que tente, nunca aprenda
28/07/2016
15:55
Alguém que quis mostrar-me infernais cenas
Alguém que, estando triste, me deu risos
Alguém que, sendo alegre, me deu penas
Alguém que a mão estendeu quando caí
Alguém que o pé esticou p'ra me tombar
Alguém que me abraçou quando sofri
Alguém que se escusou de me abraçar
Alguém que trouxe ao mundo algo de novo
Alguém que destruiu algo no mundo
Alguém que deu de si mesmo ao seu povo
Alguém que fez do povo um moribundo
Alguém, há sempre alguém que espalha amor
Porém, há sempre quem o não entenda
Também há quem lhe aumente o seu valor
E há quem, por mais que tente, nunca aprenda
28/07/2016
15:55
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