segunda-feira, abril 12, 2010

À Noite.

Vou destas palavras graves
Ao mar dos sons que me cantas
E ao temporal que levantas
Co'a voz do choro das aves.

Vou do meu peito deserto
Ao bosque pecaminoso
Que ao teu olhar luminoso
Se entrega aberto.

Vou neste langor estupendo
Ao cabo dos tempos por vir;
Vou sem ver que vou correndo,
Tropeço e não chego a cair.
Ergue o farol que me guia
Pois que o sol é só de dia
E a noite é tua prisioneira
Viúva e solteira
Nesta tempestade...
Que noite é a cara metade
Da tua vontade guerreira?
E em que noites se esconde a verdade?
Qual das noites de sensualidade
É noite inteira?

Vou no sabor das correntes,
Na rebentação das horas;
Sou peixe vão que devoras
Nas vagas de horas pendentes.

Vou do teu forte rochoso
Ao sal que o mar lhe conquista,
Ao limo a perder de vista
Do teu ser viscoso.

12/04/2010
15:05

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