terça-feira, junho 18, 2013

Fado Calado


Quando calado medito
No que sou, no que é a vida;
Águas serenas agito
E, em vendaval, nasce um grito
Da minh'alma anoitecida.

Se penso só, sem paixão,
No tempo que nos condena...
Silêncio! Meu coração,
Silêncio! Rogo-te em vão;
Não há calar tanta pena.

Pena de mim quando o peito
Galopa medo e revolta;
Um sobressalto insuspeito,
A pena com que me deito
Do que já foi e não volta.

Solta-se então esse brado
Dos nós da minha garganta
E canto mesmo calado,
Não sou eu que canto o fado,
É a saudade que canta.

06/06/2013
11:06