Porque me deixo embalar
Por esta coisa esquisita,
Esta coisa que me habita
Tomando à paz o lugar?
Porque me deixo ficar
Nesta coisa indefinida,
Nesta atenção distraída
Ao que não quero pensar?
Porque me deixo entreter
Por esta coisa anormal?
Será que quero afinal
O que não sei nem dizer?
Porque me deixo vencer
Nesta ansiedade de morte,
Esta coisa à toa, à sorte
Que não consigo entender?
Porque a não deixo fugir
Desta morada inconstante
Onde agita a cada instante
Receios do que há-de vir?
Porque só sei eu fingir
Que nada trago no peito
Quando trago o ser desfeito
Desta coisa a consumir?
Porque me deixo embalar
Vencer, ficar e fingir,
Sem nunca me permitir
A simplesmente parar?
03/03/2019
03:18
quinta-feira, setembro 12, 2019
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