Lanço a semente da palavra em funda leira
Que a muitas vozes a mão lavra, habilidosa
Sob o sol quente que ilumina a Terra inteira
Em franjas soltas de cortina luminosa.
Em jorros frescos, fresca água se derrama
De uma frescura que é de mágoa dissipada
Alimentando mil rebentos que declama
A terra mãe dos alimentos, voz amada.
É dia, é noite, é dia novo, e a colheita
Faz-se de histórias deste povo e dos seus fados
E é só depois dos seus labores que se deita
Para sorver os mais sabores cultivados.
Conta-me a lenda verdadeira da semente
Que habita os olhos da ceifeira e do pastor;
A terra escrita nas artérias desta gente,
Palavras ricas de misérias e de amor.
Canta-me as velhas ladainhas dos avós
Tornadas novas pelas linhas desta mão,
Mão com que agarro firmemente a sua voz
E com que devolvo a semente ao mesmo chão.
03/05/2010
18:40
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