quarta-feira, setembro 08, 2010

Piloto Automático.

Há que ajustar a lente à medida do olho míope
Para que a debandada do horizonte seja contida:
Logo à partida, chegada.

Esticas os braços ocos da madrugada para amarfanhar o tempo,
Mas quebram-se as unhas sem que se enterrem na fibra da alma,
No núcleo líquido das horas libertinas,
No fogo fátuo da divinação que paira sobre os cadáveres como os abutres.
Lanças ao vento as vozes roucas da loucura,
As poucas que ainda te restam, as que não te foram roubadas,
Aquelas escassas sílabas que te expurgam do corpo o gosto insípido,
Da sensaboria dos dias que a gente fotocopia de noite
Para tomar, de manhãzinha, ao pequeno-almoço:
Suplemento pro-biótico, dietético, apocalíptico,
Com piloto automático e apoio técnico 24 horas por dia, 7 dias por semana,
Não vá a coisa dar para o torto,
Uma carruagem que descarrila e lá se quebra a faiança toda.
Que desperdício...

08/09/2010
12:17

1 comentário:

Anónimo disse...

Este enleio de palavras parecem dobadas pelo Zé Cabra.