"Nada", disse-me o tempo entre dentes,
Do alto da sua arrogância, das profundezas do seu contínuo de incertezas,
Conhecedor das ciladas todas do colar das eras,
Pérolas pálidas presas por fio de sonho.
"Ninguém", ousou gritar-me o vento da história,
A radiação cósmica de fundo que embala os destinos
Com o seu trecho abjecto da melodia dos presentes.
Tive frio.
"Longe", exclamou a memória em chamas,
O peito inflamado com as dores do mundo,
As chagas purulentas da gosma pútrida de todas as partículas em rota de colisão.
Cenário desolado, desoladora esperança,
A crença inconformada, desinteressada, no sistema de reciclagem dos deuses.
"Nunca", murmurou uma sombra esmorecida, caquéctica,
Um espectro policromático da fusão nuclear dos desejos,
A orbe infecta do capricho das vontades, manchada de sangue, banhada a ouro.
Fui profanado pela excentricidade das orbitais moleculares
Tecidas pelos olhares inflexíveis da Mãe,
Vendidas a retalho pelo Pai capitalista,
E pela primeira vez senti a humidade nos pulmões,
Uma vida insuflada, bombeada a alta pressão,
Directamente no tumor que, assim, deixava de ser.
"Agora!"
02/10/2010
18:51
sábado, outubro 02, 2010
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1 comentário:
Agora? É outro sarilho de palavras!
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