Na areia escrevo…
Em brados contidos, conto as vagas que passam,
E as que ficam…
As que não passam porque não podem passar,
E até as que no mar alto morrem sem beijar a areia
Em que escrevo.
Esta areia que foi rocha,
E este sal que foi rochedo,
E tudo o mais que foi um ponto de luz vadia
Vogando pela imensidão…
Todos eles são vivos.
São vidas que vivem mas não morrem…
São as areias com que vivo esta vida de tantas vidas…
Esses finos grãos com que escrevo as mais belas histórias
E os mais trágicos contos,
Condimentados de sal, que o traz o mar…
Esse mesmo mar que beija, incansável,
Este meu papel granulado em redijo a vida de tantas vidas
E que com todas vivo…
Ah, se eu pudesse…
Mas não posso viver o mar…
Pois se o pudesse, deixaria de o haver,
E não mais poderia escrever em contos vivos,
Salgados da maresia,
A poesia que escrevo nesta areia.
E que vivo…
21/10/2004
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