Tenho a mente em obras…
Ontem,
(ou hoje, que o ontem só existe enquanto é hoje)
Um edifício centenário
(apesar de nem ter uma vintena de existência)
Na movimentada praça
(pelo menos nos dias úteis)
Do meu cérebro
(quantas sinapses ainda me restarão?)
Ameaçou ruir
(apesar de ilusório, o tempo sempre vai deixando a sua marca)
Irremediavelmente,
(ainda que, em boa sabedoria popular, só a morte não tenha remédio)
Pelo que a equipa de especialistas
(talvez um ou dois recém-licenciados de dúbia competência)
Prontamente avaliou o risco de derrocada
(o quê?)
E deitou mãos à obra,
(outro parêntese, outra pedra que resvala do seu pousio)
Numa tentativa desesperada de remediar
(não a morte, por certo)
Aquilo que era já sabido de antemão:
(o oráculo de Bellini faz milagres)
Tudo acaba por se desvanecer às mãos inexoráveis de Saturno,
(ou Cronos, se em grego arcaico preferirmos exprimir-nos)
E nem a sagrada mão do divino
(a mesma mão que, afinal, cria e destrói)
Poderia salvar aquelas quatro paredes,
(ainda hei-de ter uma casa oval)
Entregues à sua demanda última pelos trilhos da realidade.
(haja quem ainda guarde esperança no divino)
Tudo isto para contextualizar,
Que não seja inusitado este discurso,
O alvoroço que agora povoa os meus pensamentos.
O certo,
Por mais incerto,
É que tenho a mente em obras…
18/10/2007
5:29
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