terça-feira, maio 27, 2008

Autópsia.

Entalados nas vísceras do meu propósito,
Debruçados sobre uma plataforma venérea de promessas,
Feridos por espinhos e suturados às avessas,
Cúmplices dos meus enigmas,
Estigmas dos meus caprichos,
Acendem lumes na enseada do crepúsculo
E vencem sombras que enlouquecem o presente.
São cânticos, árias ao meu bucolismo,
E odes e hinos à minha infâmia,
Socorridos por legiões debandadas ao silêncio,
Monossílabos encarcerados numa caixa negra platónica
Que aguardam ávidos pela ribalta de um predador.

Encontram-se nos quelatos da loucura,
E percorridos os trilhos ímpares de uma fissão nuclear,
Consentem mesmo as palavras mais austeras.
São medos,
São a minha fusão a frio...

20/05/2008
21:32

terça-feira, maio 20, 2008

Gestalt.

A integridade é costurada no sentido
Como preâmbulo insólito de medidas incontornáveis,
Suavemente alinhavada sem pesponto nem remate
Num lençol de nevoeiro embrionário,
Vidente das aparências mas opaco às vontades.
Arquétipo assombrado do instinto,
Fogueira aberta ao sentimento,
Só um rochedo de castanhos paradigmas para afundar
Lentamente
O compromisso…

Delírios são os braços que te enlevam,
Doentes de uma patologia sinergética
Hipotética
Mas de essência masterizada e supersónica,
Como brindes ao suicídio do acaso,
Buffet de concupiscências raras e distraídas,
A percepção colocada ao serviço da conquista.
Não passam de tradições duvidosas,
Velhos hábitos que jogam à cabra-cega
Com um código genético que se alimenta de tempo.
A virtude dorme além da sua sombra…

Desviante, misteriosa e virtual,
A imagem faz jus ao seu altar,
Permitindo que a sensação de pertença
Se aloje, sem tumulto, na respiração liquefeita.
Quanta ilusão repetida sem retorno
Para idolatrar a cor da perspectiva…

19/05/2008
9:20

segunda-feira, maio 19, 2008

Receituário para um falso ídolo.

Faz de conta que o sigilo te enternece,
E reencontras as fragatas do teu céptico romantismo
Nas paredes cravejadas de respostas disfarçadas
De respostas.
Acende o tempo numa tocha de rancores distraídos,
E neutraliza o alcalino do momento,
Tangente oculta nas relíquias de um sono mais demorado
Ou de um acordar genuíno.
Deposita os teus soluços numa semente envenenada
Feita de células estaminais e ricochetes;
Na miríade dos teus passos o rastreio da vaidade
E esguichando lentamente vida halina um espanta-espíritos à entrada da memória.
Consola a alma com bailes de máscaras defeituosas,
Mas sacia a tua sede com um elixir magnânimo de humildade,
Já que o tempo, sem ter tempo, te encurrala
Num momento, que em breves momentos, resvala.

18/05/2008
11:10