segunda-feira, junho 30, 2008

Pensamentos difractados...

Pressinto os dias como rios inacabados
No ocultismo recluso de duas mãos desencontradas.
A pintura confere à tela o seu sonho,
Ainda que a não ensine a sonhar,
Com a melancolia de um sopro que atiça o fogo para se queimar
Porque julga então poder alcançar o vento.

Somos todos cineastas diletantes,
E espalhamos sindicatos ao acaso
Numa toalha rendada de hábitos
Só para que o amanhã não traia o que ontem já traiu...
Somos santos à vez todos os dias,
E bandidos e leprosos a cada hora,
Vendendo nomes e conceitos num mercado
Centralizado
Por três ou quatro palavras vãs numa lápide.

Chegou a hora, a outra, a mais difícil,
Talvez que a hora do desarmamento global,
Mas pousamos por terra as munições
E escondemos a chave do nosso bunker.

26/06/2008
11:40

segunda-feira, junho 02, 2008

Variações.

Segura a minha mão
E sente os tremores e os temores e as angústias sublimadas…
Acende os meus dedos com um sopro de argêntea honestidade.
O solstício da vida na juventude do ser,
E a primavera perdida nas ligeirezas do amor,
São gumes, lâminas finas
Giestas, cravos, milícias, sortido de avenidas tisnadas de dúvida.
Aponta os livros proibidos,
Hereges da minha alma,
Na lista oclusa, negra do estrado,
E atenta à lívida estrada da incerteza no túmulo.

Sussurra e mastiga as palavras, espadas jocosas
Da minha ousadia;
E rasga as figuras de estilo que desenho a carvão no ocaso impotente.
A linha separa o encanto e o afinco por entre duas margens soltas,
Separadas virgens sulcadas pelo meu suspiro
Metáforas religiosas, mecenas, vigários
Sedentos.

Segura os dois braços descaídos num vitupério dormente
Entre a vitória enlutada e a derrota gritante,
Sinais de uma boca vidente, portanto
Que mente tantos nadas
Na ponte de um ontem amante…

28/05/2008
4:29