Quero rasgar em segredo
O tecido das vontades,
A fina seda do medo,
A lã das minhas verdades.
Quero inventar a cidade
Como invento os meus lamentos;
Só não invento a saudade:
Que o façam chuvas e ventos.
Quero perder-me contigo
No compasso da descrença,
Nos acasos do perigo,
Nas certezas da presença.
Quero achar-me diluído
Na poesia do sono:
Sonhar o tempo perdido,
Roubar o tempo sem dono.
Quero-me, assim, paralelo
Ao meu amor singular,
Que ao chão deste meu castelo
Sou já perpendicular.
22/10/2010
19:58
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