quarta-feira, novembro 10, 2010

Inventário.

Quero rasgar em segredo
O tecido das vontades,
A fina seda do medo,
A lã das minhas verdades.

Quero inventar a cidade
Como invento os meus lamentos;
Só não invento a saudade:
Que o façam chuvas e ventos.

Quero perder-me contigo
No compasso da descrença,
Nos acasos do perigo,
Nas certezas da presença.

Quero achar-me diluído
Na poesia do sono:
Sonhar o tempo perdido,
Roubar o tempo sem dono.

Quero-me, assim, paralelo
Ao meu amor singular,
Que ao chão deste meu castelo
Sou já perpendicular.

22/10/2010
19:58

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