Mote:
Não te encontro em nenhum lado
Mas nalgum lado hás-de estar;
Procurar-te é o meu fado,
Canto só p'ra te encontrar.
I
Vi num sonho essa miragem
E qual fiel peregrino
Dela fiz o meu destino,
Não mais conheci paragem.
Desde então estou de viagem,
Vivo num sonho acordado
Buscando o rosto corado
Que vislumbrei certa hora.
Por que te escondes senhora?
Não te encontro em nenhum lado...
II
Corri matas, galguei estradas,
Bati vales e montanhas,
Não me poupei em façanhas
P'ra ver-te as faces rosadas;
Repeti-me em abaladas
Com um prazer invulgar;
No furor de te abraçar
Deixei p'ra trás tudo o mais...
Nunca de ti vi sinais
Mas nalgum lado hás-de estar.
III
Do meu peito foi brotando
Uma canção quase prece
E só cantá-la enternece
Os dias que vão passando;
Dias, semanas buscando
Esse tesouro sonhado,
A cantar sigo encantado
De esperança fugidia
Afirmando noite e dia:
Procurar-te é o meu fado.
IV
Hoje por vezes duvido,
Julgo que é vã a procura,
Mas se adivinho a doçura
Do teu olhar prometido
Entre olhares sem sentido
Nalgum ditoso lugar,
Corro p'ra ti a cantar
Pelos céus abençoado;
Até lá, se canto o fado,
Canto só p'ra te encontrar.
14/05/2014
13:10
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1 comentário:
"Há gente que fica na História, da história de gente... E outras de quem nem o nome lembramos ouvir"...
Sei que para ti sou a segunda parte, mas, para mim, farás sempre parte do primeiro grupo...
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