quarta-feira, julho 30, 2008

São as coisas (mais o vento...)

É a vida que conta de um a cinco
Enquanto alguém ensaia um beijo;
É o sonho que luta com afinco
E anda a passo de caranguejo;

São os deuses, tresloucados, confusos,
Que entre dentes murmuram credos;
São os espiões e os intrusos
A morar nas pontas dos dedos;

São aberrações,
São figuras míticas,
São perturbações
De mentes raquíticas,
Desinibições
De uma gente crítica,
Tantos palavrões
P'ra tanta política.

É o paraíso e o inferno,
Duas faces da mesma moeda;
É a estação quente e o inverno,
A exaltação e a queda;

São falinhas mansas, cuneiformes,
Sibilantes e afiadas;
São as contradições tão enormes,
Sete gumes na mesma espada.

São idades distantes na memória
Em que um dia durava um ano;
É roda gigante giratória
Oleada no desengano.

27/07/2008
12:30

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