quarta-feira, abril 08, 2009

Multiverso.

Tenho cadernos repletos de omissões,
Vício inflexível da minha espécie encrespada
Que emana pulsos intermitentes
De radiação mutagénica,
Faróis de nevoeiro para a neblina que, mais uma vez,
Se avizinha.
Se, porventura, me contradigo,
Não me julgai desonesto,
Ou muito menos um mero menestrel de uma corte cismada,
Escondida nas fossas abissais de um qualquer oceano lunar;
Compreendei que sou isento de objectividade,
Que me entrego a cada linha como se fosse o prometimento de um novo universo.
Dessa forma, poder-se-á alcançar esta ténue e muito tímida disputa:
Serei um desígnio inconcebível de todas as minhas palavras,
E não um autêntico demiurgo de carne e osso?

Comece-se por uma página aleatória,
Vantagem alguma pode o tempo conceder,
E vislumbre-se cada segmento de gnose como um botão de pétalas enrugadas,
Cada estância como um canteiro de vagens tenras,
Cada matéria como a flora selvagem que se estende na vastidão da Criação,
Um simpósio de liquidez, ensaio de mim mesmo para com todos os eus.
Sempre se encontrarão as ramificações mais imponderáveis,
As verdades mais indecifráveis,
As irrealidades mais eloquentes,
Um retrato desenhado de cabeça quanfo do o sujeito se mascara de passado,
Um cubismo vacilante se se disfarça de presente,
E uma pintura rupestre se acaso se assume como futuro.

Não arriscai investigar qualquer desfecho,
Aquela derradeira asserção que apazigue a adrenalina desta viagem,
Um singelo epitáfio ao eterno deleite de abraçar a sublimidade;
Não pactuai com essas Moiras insidiosas à espera de por elas ser poupados.
A alma não se extingue, nem a existência se degrada,
Antes metamorfoseia-se
Continuamente.
Estai, pois, atentos à amplitude imensa do momento,
E se fordes perseverantes,
Podereis contemplar a dissipação última de todos os bits de ser,
Apocalipse aparente,
Génesis continuamente.

07/04/2009
15:34

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