Kristiansand
quinta-feira, julho 31, 2008
Quadra ao artesão das palavras.
Do gotejar das palavras se enchem copos de lírica,
Bebidos de um trago pelas gargantas tão sedentas;
Uma matriz clarividente desta sopa onírica
Com que a tantas e tão diversas bocas alimentas.
31/07/2008
Bebidos de um trago pelas gargantas tão sedentas;
Uma matriz clarividente desta sopa onírica
Com que a tantas e tão diversas bocas alimentas.
31/07/2008
quarta-feira, julho 30, 2008
São as coisas (mais o vento...)
É a vida que conta de um a cinco
Enquanto alguém ensaia um beijo;
É o sonho que luta com afinco
E anda a passo de caranguejo;
São os deuses, tresloucados, confusos,
Que entre dentes murmuram credos;
São os espiões e os intrusos
A morar nas pontas dos dedos;
São aberrações,
São figuras míticas,
São perturbações
De mentes raquíticas,
Desinibições
De uma gente crítica,
Tantos palavrões
P'ra tanta política.
É o paraíso e o inferno,
Duas faces da mesma moeda;
É a estação quente e o inverno,
A exaltação e a queda;
São falinhas mansas, cuneiformes,
Sibilantes e afiadas;
São as contradições tão enormes,
Sete gumes na mesma espada.
São idades distantes na memória
Em que um dia durava um ano;
É roda gigante giratória
Oleada no desengano.
27/07/2008
12:30
Enquanto alguém ensaia um beijo;
É o sonho que luta com afinco
E anda a passo de caranguejo;
São os deuses, tresloucados, confusos,
Que entre dentes murmuram credos;
São os espiões e os intrusos
A morar nas pontas dos dedos;
São aberrações,
São figuras míticas,
São perturbações
De mentes raquíticas,
Desinibições
De uma gente crítica,
Tantos palavrões
P'ra tanta política.
É o paraíso e o inferno,
Duas faces da mesma moeda;
É a estação quente e o inverno,
A exaltação e a queda;
São falinhas mansas, cuneiformes,
Sibilantes e afiadas;
São as contradições tão enormes,
Sete gumes na mesma espada.
São idades distantes na memória
Em que um dia durava um ano;
É roda gigante giratória
Oleada no desengano.
27/07/2008
12:30
terça-feira, julho 29, 2008
Conjugação.
Gélido o bulício do pretérito,
Assombrado delírio intimista,
Arquivo do fracasso e do mérito,
Premissa de um presente masoquista.
Efémera a cauda de um cometa
Como o tempo que avança sem reserva;
Escalada do vermelho ao violeta
Epopeia de Circe e de Minerva.
28/07/2008
16:36
Assombrado delírio intimista,
Arquivo do fracasso e do mérito,
Premissa de um presente masoquista.
Efémera a cauda de um cometa
Como o tempo que avança sem reserva;
Escalada do vermelho ao violeta
Epopeia de Circe e de Minerva.
28/07/2008
16:36
segunda-feira, julho 28, 2008
David e Golias.
Sou o sonho revezado de um Messias
Que conduz a sua gente p'lo deserto,
Porta-voz de um divino redescoberto
No papiro das novas alegorias;
Sou mais que o pão nosso de todos os dias
Repetido num murmúrio encoberto,
Sou a cifra de um mistério entreaberto
Como a história de David e de Golias.
Seremos, nós, chegados à partida,
Um fragmento de vivência aturdida,
Um pouco de todo o nada que existe;
Ou apenas a estrada desimpedida
E um plano que auspicia pela vida
Enquanto, de fora, a verdade assiste?
28/07/208
11:53
Que conduz a sua gente p'lo deserto,
Porta-voz de um divino redescoberto
No papiro das novas alegorias;
Sou mais que o pão nosso de todos os dias
Repetido num murmúrio encoberto,
Sou a cifra de um mistério entreaberto
Como a história de David e de Golias.
Seremos, nós, chegados à partida,
Um fragmento de vivência aturdida,
Um pouco de todo o nada que existe;
Ou apenas a estrada desimpedida
E um plano que auspicia pela vida
Enquanto, de fora, a verdade assiste?
28/07/208
11:53
Ultravioleta.
Vivemos na dualidade de estímulos,
Sujeitos a um condicionamento, quanto muito, ambíguo,
Falácias que morrem quando atentamos no ondular da verdade.
Uma realidade que vibra é uma objectividade tendenciosa,
Um falso repouso que imita a certeza;
Comprovam-se as leis e os axiomas e os corolários e os teoremas,
Somando postulados de empirismo e de vontade,
Mas é na multiplicação do possível
Que reside a escotilha do labirinto.
27/07/2008
13:05
Sujeitos a um condicionamento, quanto muito, ambíguo,
Falácias que morrem quando atentamos no ondular da verdade.
Uma realidade que vibra é uma objectividade tendenciosa,
Um falso repouso que imita a certeza;
Comprovam-se as leis e os axiomas e os corolários e os teoremas,
Somando postulados de empirismo e de vontade,
Mas é na multiplicação do possível
Que reside a escotilha do labirinto.
27/07/2008
13:05
domingo, julho 27, 2008
Evangelização.
Escreveu-se a Bíblia da modernidade,
E ordenaram-se bispos e delegados,
Para levar a boa novidade
Aos quatro cantos no mundo espalhados.
Ponho empenho na demanda,
Vou de Tróia a Samarcanda,
P´ra levar à gente incauta o Evangelho;
Vendo estilos fabricados
De valores incalculados
Convertidos nas imagens do teu espelho;
Faço estudos de mercado,
Se o não vendo, é arrendado,
Mas tudo isso em virtude do progresso,
E, por fim, tiro umas férias,
Mas o sangue nas artérias
Só se alimenta de suor e sucesso.
Nos altares desta religião,
Disfarçados, implacáveis, predadores,
Compra-se e vende-se a absolvição
E cambiam-se as almas dos pecadores.
27/07/2008
15:04
E ordenaram-se bispos e delegados,
Para levar a boa novidade
Aos quatro cantos no mundo espalhados.
Ponho empenho na demanda,
Vou de Tróia a Samarcanda,
P´ra levar à gente incauta o Evangelho;
Vendo estilos fabricados
De valores incalculados
Convertidos nas imagens do teu espelho;
Faço estudos de mercado,
Se o não vendo, é arrendado,
Mas tudo isso em virtude do progresso,
E, por fim, tiro umas férias,
Mas o sangue nas artérias
Só se alimenta de suor e sucesso.
Nos altares desta religião,
Disfarçados, implacáveis, predadores,
Compra-se e vende-se a absolvição
E cambiam-se as almas dos pecadores.
27/07/2008
15:04
sábado, julho 26, 2008
Cornucópia.
Somos tantas vezes inconcussos,
Embora à custa de arrestos e de embargos…
Somos a prognose original, na nossa casca de noz engelhada
Encarquilhada das façanhas de prosápia equivocada
Que alvitramos na génese dos factos.
Somos criaturas de substância espinhosa,
Alpendres de glória esmorecida,
Compadecidos e ustulados para a sublimação do ser abjecto.
Quero exclamar todas as interjeições antes que fiquem pálidas,
Para que as oiçam e mastiguem os barões da primazia,
E quero que naveguem até ao país sem epítetos
Para aí sublevarem os vocábulos residuais.
Inteireza deformada por didácticas obsoletas mas imortalizadas numa efeméride vernácula,
Quando o imo da existência é a renúncia do vácuo incorrompível.
Misantropia na contextura do ser, sem atoardas nem ardis melífluos;
Eremítico na forma de estar, anacoreta na maneira de parecer,
Afinal um ciclo irrevogável de providência imaterial.
Façamos do nosso âmago uma cornucópia axiomática de aprazimento,
E abracemos o estatuto do sagrado,
Pois que ao homem cabe o que ao Supremo transcende
No seu marasmo insolente de quem conhece os motivos.
26/07/2008
16:35
Embora à custa de arrestos e de embargos…
Somos a prognose original, na nossa casca de noz engelhada
Encarquilhada das façanhas de prosápia equivocada
Que alvitramos na génese dos factos.
Somos criaturas de substância espinhosa,
Alpendres de glória esmorecida,
Compadecidos e ustulados para a sublimação do ser abjecto.
Quero exclamar todas as interjeições antes que fiquem pálidas,
Para que as oiçam e mastiguem os barões da primazia,
E quero que naveguem até ao país sem epítetos
Para aí sublevarem os vocábulos residuais.
Inteireza deformada por didácticas obsoletas mas imortalizadas numa efeméride vernácula,
Quando o imo da existência é a renúncia do vácuo incorrompível.
Misantropia na contextura do ser, sem atoardas nem ardis melífluos;
Eremítico na forma de estar, anacoreta na maneira de parecer,
Afinal um ciclo irrevogável de providência imaterial.
Façamos do nosso âmago uma cornucópia axiomática de aprazimento,
E abracemos o estatuto do sagrado,
Pois que ao homem cabe o que ao Supremo transcende
No seu marasmo insolente de quem conhece os motivos.
26/07/2008
16:35
sexta-feira, julho 25, 2008
Curta-metragem.
Esgueirei-me pela porta mal fechada
Do atelier do Divino,
Onde as colecções de arte se amontoam sem valor...
Discorri, sofregamente, pelos catálogos dispersos,
À procura de uma pista que desvendasse o segredo;
Mas a medo, no silêncio,
Tropecei em tantas cores, tinturas milenares,
E a correr na luz opaca do vestíbulo
Encontrei-me, frente a frente, com o Criador.
«Quantas almas admiras do teu trono?»
«Tanta gente, muito espírito, um só ser...»
24/07/2008
Do atelier do Divino,
Onde as colecções de arte se amontoam sem valor...
Discorri, sofregamente, pelos catálogos dispersos,
À procura de uma pista que desvendasse o segredo;
Mas a medo, no silêncio,
Tropecei em tantas cores, tinturas milenares,
E a correr na luz opaca do vestíbulo
Encontrei-me, frente a frente, com o Criador.
«Quantas almas admiras do teu trono?»
«Tanta gente, muito espírito, um só ser...»
24/07/2008
quinta-feira, julho 10, 2008
Desmantelamento.
Não há metáforas para a vida porque a vida é, em si mesma, uma metáfora.
Pinta-se e escreve-se e representa-se,
Tentando desvendar as pistas que encontramos desancoradas pelos trilhos,
E compõe-se e esculpe-se e guerreia-se,
Pregando aos infiéis com o pão da vida numa mão e a chave da eternidade na outra,
E descobre-se e cultiva-se e aprende-se
Que vida é uma alegoria de si própria,
E que os opostos não são duas faces da mesma moeda, mas sim um bivalve de concha fechada.
Sacode-se o espírito e espicaça-se a mente
Nesta corrida de estafetas em que não há vencedores,
Convencidos que estamos de significados para o propósito,
Quando somos a realidade virtual do Universo,
Bits de consciência lançados na demanda da conscienciosidade…
Agora sente que o mundo é só um mundo,
Que a vida é pouco mais que vida,
E dá o braço a torcer à fragilidade do ser:
Pois por mais que se corra atrás de qualquer resposta,
Correm todas as indeterminações atrás da vida que carregamos.
10/07/2008
17:24
Pinta-se e escreve-se e representa-se,
Tentando desvendar as pistas que encontramos desancoradas pelos trilhos,
E compõe-se e esculpe-se e guerreia-se,
Pregando aos infiéis com o pão da vida numa mão e a chave da eternidade na outra,
E descobre-se e cultiva-se e aprende-se
Que vida é uma alegoria de si própria,
E que os opostos não são duas faces da mesma moeda, mas sim um bivalve de concha fechada.
Sacode-se o espírito e espicaça-se a mente
Nesta corrida de estafetas em que não há vencedores,
Convencidos que estamos de significados para o propósito,
Quando somos a realidade virtual do Universo,
Bits de consciência lançados na demanda da conscienciosidade…
Agora sente que o mundo é só um mundo,
Que a vida é pouco mais que vida,
E dá o braço a torcer à fragilidade do ser:
Pois por mais que se corra atrás de qualquer resposta,
Correm todas as indeterminações atrás da vida que carregamos.
10/07/2008
17:24
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