quinta-feira, novembro 05, 2009

Sequela.

Invadiste o adeus inacabado
Dos ciúmes,
E entretiveste a seiva derramada
Pelo chão,
Jorrada deste nosso coração
Fermentada
Em fornalhas e alambiques e lumes
Lado a lado.

Ensinaste aos meus olhos a doutrina
Da vagueza,
E riscaste o meu nome da listagem
Dos achados,
Conspiraste ao lançar amarga os dados
E a voltagem
Consome ainda hoje esta franqueza
Em surdina.

Roçaste o teu punhal pelas gargantas
Tão doridas,
Roufenhas e entaladas como a mão
Na palmatória
Nutriste em mim um crente na memória
De um então
P’ra profanares o arsenal de feridas
Como tantas.

Decalcaste palavras indulgentes
No meu peito
E programaste os sonhos para dois
Sem calendário
E deixaste assentar pó nesse armário
P’ra depois
Desferires o teu golpe perfeito
Entre dentes.

Perdeste-me num canto acabrunhado
Entristecido
E ali fiquei prostrado em vãs esperas
Por perdão
Não foi a tua mão, foi o condão
Das primaveras
Que acalentou o desgosto embutido
Do passado.

Fizeste a tua parte e eu faço a minha,
Não me agrada
Que tanto solilóquio alimente
A minha dor
Amor, que é isso amor, não sei que amor
Tinhas em mente
É tarde, já tirei a minha espada
Da bainha.

31/10/2009
13:22

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