No emaranhado quântico de consciências a que chamamos Universo,
A existência não é mais do que um capricho de Deus
Que um dia, farto de estar sozinho,
Bocejou despreocupadamente a realidade.
Depois, com o pulsar desmedido de inumeráveis oscilações microscópicas,
Deleitou-se com o seu reflexo no espelho da incerteza,
E assim, emudecido, se quedou por um ou dois instantes
Que mais pareceram o somatório de múltiplas putativas eternidades.
Entretanto, como era cedo, havia ainda uma subtil névoa matutina a envolver a Criação,
Impedindo que a sua mente apreendesse com clareza imaculada a natureza metafísica daquilo que brotara.
Neste impasse giratório,
Inventou o código Morse e os números primos,
E desvendou-se em ligeiras prestações ao sedento mundo que evasivamente concebera.
Quando, finalmente, se encontrou agrilhoado ao códice bolorento da história,
Mergulhou o espaço e o tempo na tinta da invisibilidade,
Para que vivêssemos sempre com a sensação de que os possuíamos mesmo sem os compreendermos na sua plenitude.
De fraque criteriosamente engomado,
Vestir-se-á amanhã para o meu funeral,
E então tudo cessará antes mesmo de ter começado,
Numa manifestação sempre latente que viveu inteiramente na minha própria latência.
10/07/2007
1:43
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1 comentário:
UAU!! ;-)
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