terça-feira, julho 10, 2007

Efeito Casimir.

No emaranhado quântico de consciências a que chamamos Universo,
A existência não é mais do que um capricho de Deus
Que um dia, farto de estar sozinho,
Bocejou despreocupadamente a realidade.

Depois, com o pulsar desmedido de inumeráveis oscilações microscópicas,
Deleitou-se com o seu reflexo no espelho da incerteza,
E assim, emudecido, se quedou por um ou dois instantes
Que mais pareceram o somatório de múltiplas putativas eternidades.

Entretanto, como era cedo, havia ainda uma subtil névoa matutina a envolver a Criação,
Impedindo que a sua mente apreendesse com clareza imaculada a natureza metafísica daquilo que brotara.

Neste impasse giratório,
Inventou o código Morse e os números primos,
E desvendou-se em ligeiras prestações ao sedento mundo que evasivamente concebera.

Quando, finalmente, se encontrou agrilhoado ao códice bolorento da história,
Mergulhou o espaço e o tempo na tinta da invisibilidade,
Para que vivêssemos sempre com a sensação de que os possuíamos mesmo sem os compreendermos na sua plenitude.

De fraque criteriosamente engomado,
Vestir-se-á amanhã para o meu funeral,
E então tudo cessará antes mesmo de ter começado,
Numa manifestação sempre latente que viveu inteiramente na minha própria latência.

10/07/2007
1:43

1 comentário:

Anónimo disse...

UAU!! ;-)