terça-feira, março 04, 2008

Distopia.

Não sou pescador de sonhos nem caçador de fantasmas,
Mas sob o alvo júbilo de um céu estrelado,
Como eles sou pequeno.
Devia ser como dantes, noites sem máscara,
Em que deambulavam fadas e elfos por trilhos familiares;
Noite escura, noite encantada, noite brilhante na sua submissão…
Aposta-se a vida num delírio que resvala,
Joga-se a própria sede com os habitantes cautos da aurora,
Ensina-se a vitória e a derrota,
E percebe-se que a vida é sibilante.

Torturo a minha infância com mecanismos legalizados,
Legitimados pela minha cobardia,
E perco a derradeira oportunidade de dançar,
Ao luar meigo de Outono,
Com os pássaros que abalam para o horizonte,
Livres de culpas.
Ululam em chamamento as minhas penas,
Mas já vos disse:
Nem pesco sonhos, bem caço fantasmas;
Sou apenas um murmúrio que descansa sobre uma pedra de saudade,
À espera da minha Arca da Aliança.

03/03/2008
21:49

Sem comentários: