Existe sempre Inverno no planeta das ideias,
E quase todos os habitantes hibernam sob espesso manto de neve.
Acordados, ficam os gigantes e os anões,
As bestas míticas,
À espera de um tempo prometido para florescer...
Acordados, mas nem tanto,
Dormentes, entorpecidos, cabisbaixos,
A história reescrita,
Mil vezes as mesmas frases,
Sempre a inevitabilidade do ciclo,
E a turba insurrecta que calca o chão sob o qual se despem,
Criaturas sagazes, gente perpétua,
Ou que pretende à força de semblantes fazer-se perpetuar...
Existe Inverno na cidade dos sábios,
Na clareira dos apóstolos,
Na mansão da lascívia e do devaneio;
Existe frio e escuridão nos cantos imóveis de uma sala,
E o medo toma conta da virtude,
O sono vence a espada da bonança,
Querelas mortiças num subsolo cruento.
Existe Inverno nas palavras,
E repetem-se os infernos e os arco-íris,
Faz-se de conta que não se faz de conta,
E torna-se ao inescrutável silêncio da noite ébria.
O Inverno torna-se berço de canções,
E a sombra é o prenúncio de Verões;
O solstício,
Um pedaço de infinito imerso na mesma miragem...
Toma todos os teus medos e reinventa e epopeia,
Desata cordas e pula muros,
Enterra o gume na carne rubra,
Sente.
O Inverno chegou à minha aldeia...
29/03/2008
22:45
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