Vou à boleia neste andor de imagens ocas,
Gessos sem alma, ardósias negras que amparam
Os versos toscos que nascem nas muitas bocas
Em coro abertas entre abismos que as separam.
Sigo nessa hipnose turva e peregrina
De mãos e braços enredados em peçonha,
Pérfido assombro da vontade que domina
A turba dócil que se alista por vergonha.
Segue o cortejo em vivos cânticos ao medo
Que, sem escrutínio, faz zurzir o seu chicote
E assim conduz manso rebanho ao som de um credo
Que arranca à dúvida as raízes do boicote.
Pertenço ao préstito dos fiéis complacentes
Na fila estreita que me conduz à extinção;
Serei mais uma fotocópia entre excedentes,
Ou a centelha de uma nova procissão?
Farei socalcos com meus pés noutros caminhos
Que, percorridos, sejam porto de outra costa?
No chão calcado nascem frescos burburinhos,
Na minha mão e no meu ser mora a resposta.
02/03/2010
16:07
terça-feira, março 02, 2010
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