Presunçosa.
Ignorante.
Arrogante.
Olha quem fala… Por acaso terei eu o costume de me proclamar a todo o momento a máxima e última unidade e fonte do Universo? Arrogante.
Eu apenas exclamo a verdade para que dela se faça manifesta a existência. E bastar-me-iam duas palavras para que a tua vozinha histérica se eclipsasse para além das fronteiras do exequível.
Não te parece que eu estou já bastante além de qualquer barreira que tentes atabalhoadamente inventar em três tempos?
Onde estás tu afinal?
Onde? Aqui.
Não. Eu estou aqui. Aqui existo. Nada mais pertence aqui. Onde estás?
Aqui.
Aqui… Já chega! Já me basta esta cascata de perguntas e respostas que de mim brotam e em mim se afundam constantemente, percorrendo órbitas irregulares em torno do mesmo sempre meu fútil dilema existencial. Não tornes a falar comigo. Nada tens para dizer que seja teu, nem nada tenho para ouvir que não seja meu. A vida pertence-me, assim como a… Como a… Como o quê?
A morte?
A morte…? O que é a… Mas eu não sei o que é a morte. Como podes conhecê-la se aqui e agora desconheço na totalidade a natureza desse conceito, distante e místico para mim?
Eu não a conheço.
Mas…
A morte… Olha, imagina a luz da lua na escuridão de um céu profundo.
Imagino-a a cada instante que não passa. Imagino-a prateada, regando uma planície imensa com o seu ténue orvalho cintilante que refulge nas folhagens mansas da escassa vegetação que a pontua. Imagino-a serena num céu fechado de breu, avizinhada por espalhados pontinhos brilhantes de diversos tamanhos e intensidades que permitem à escuridão celeste existir sem se quebrar de tamanha negrura. Estrelas, é isso! É uma lua e são muitas estrelas.
Que cenário maravilhoso.
Mas, consegues observá-lo?
Sim. Olha.
Mas… De onde veio isto?
De lado nenhum. Se está aqui, é porque sempre existiu.
Mas antes não estava.
Ou então antes não o vias.
Mas como?
Não sei. Aliás, quem o “fez” foste tu.
Isto não faz sentido. O que significa que Eu não faço sentido. O que significa que talvez não exista sentido. Mas eu sei que existe sentido… Oh, céus, que dilema… O dilema do sentido.
No fim, ainda vais precisar da morte.
Porquê?
Imagina o sentido deste cenário, se entretanto a lua desaparecesse…
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