Alvor
quinta-feira, junho 28, 2007
segunda-feira, junho 25, 2007
Quase nada.
Sou o que resta da praia
Cristalizada no rosto
Quando o meu pranto desmaia
E envolve as mãos em desgosto.
Sou essa areia entornada
E a maresia inconstante
Que minh’alma torturada
Alimenta a cada instante.
Vivo no avesso da vida,
Na ventania quebrada;
Sou uma vida despida
Nas sombras da madrugada.
Sou um lamento já mudo,
Sou uma voz magoada...
Serei eu já quase tudo
Sendo, afinal, quase nada?
25/06/2007
0:16
(Para cantar com a música do "Fado Amora", de Joaquim Campos.)
Cristalizada no rosto
Quando o meu pranto desmaia
E envolve as mãos em desgosto.
Sou essa areia entornada
E a maresia inconstante
Que minh’alma torturada
Alimenta a cada instante.
Vivo no avesso da vida,
Na ventania quebrada;
Sou uma vida despida
Nas sombras da madrugada.
Sou um lamento já mudo,
Sou uma voz magoada...
Serei eu já quase tudo
Sendo, afinal, quase nada?
25/06/2007
0:16
(Para cantar com a música do "Fado Amora", de Joaquim Campos.)
domingo, junho 24, 2007
Da intuição.
Tentar explicar ou provar a intuição através dar razão é anulá-la. Todo o processo intuitivo é estranho à razão e não pode ser, através dela, compreendido. Será precico que a ciência se torne mais intuitiva e que se funda com a espiritualidade para poder apreender a natureza da intuição, que é em si irracional e distante do mundo obectivo.
Sobrenatural é uma palavra absurda. Nada é sobrenatural. Se existe, se se manifesta, apesar de poder não ser explicado pela ciência, um fenómeno nunca é sobrenatural. É apenas incompreendido, mas não incognoscível. Será preciso olhar para ele dentro do seu contexto, e perceber que existe mais do que o mundo simples e palpável redutível a um punhado de leis científicas: a intuição é um desses sinais de que há coisas transcendentes.
A intuição é a forma que o Todo tem para comunicar com as Partes, que somos nós. Através da intuição, a Fonte exprime-se em cada um de nós. Todo o ser humano está ligado à Fonte através da sua intuição, e é sua opção deixar que esta sabedoria flua livremente através de si ou bloqueá-la por ignorância ou arrogância. A vida é um Todo dinâmico e harmonioso, uma consciência única que se manifesta fisicamente na multiplicidade da existência, embora na essência ela seja Unidade. A intuição é o nosso elo de ligação com essa Unidade.
Sobrenatural é uma palavra absurda. Nada é sobrenatural. Se existe, se se manifesta, apesar de poder não ser explicado pela ciência, um fenómeno nunca é sobrenatural. É apenas incompreendido, mas não incognoscível. Será preciso olhar para ele dentro do seu contexto, e perceber que existe mais do que o mundo simples e palpável redutível a um punhado de leis científicas: a intuição é um desses sinais de que há coisas transcendentes.
A intuição é a forma que o Todo tem para comunicar com as Partes, que somos nós. Através da intuição, a Fonte exprime-se em cada um de nós. Todo o ser humano está ligado à Fonte através da sua intuição, e é sua opção deixar que esta sabedoria flua livremente através de si ou bloqueá-la por ignorância ou arrogância. A vida é um Todo dinâmico e harmonioso, uma consciência única que se manifesta fisicamente na multiplicidade da existência, embora na essência ela seja Unidade. A intuição é o nosso elo de ligação com essa Unidade.
quarta-feira, junho 20, 2007
Recordações.
Na minha vida trago sempre na lembrança
Recordações de um tempo repleto de histórias;
Percorro ruas inteirinhas de memórias
E vou desbravando caminhos de esperança.
Sempre que canto, evoco a sombra do passado,
Da mocidade que vivi sempre contente;
E agora vivo a minha vida no presente,
Na desgarrada desmedida deste fado.
Quando caminho vou sempre cantarolando,
Enquanto a saudade me assalta de mansinho,
E então transforma, por instantes, o caminho
Nessas memórias que sempre estou recordando.
Será que o tempo algum dia me levará
Do coração estas relíquias preciosas,
Que são pedaços de vivências tão saudosas
E que recontam um tempo que já não há?
Rios de amores
Prados de flores
E às vezes dores
Todos eles conheci
Mas foi com garra
Pela guitarra
Terna e bizarra
Que eu um dia me perdi
09/06/2007
0:33
(Para cantar com a música do "Fado Moleirinha", estilizada com refrão, de origem popular.)
Recordações de um tempo repleto de histórias;
Percorro ruas inteirinhas de memórias
E vou desbravando caminhos de esperança.
Sempre que canto, evoco a sombra do passado,
Da mocidade que vivi sempre contente;
E agora vivo a minha vida no presente,
Na desgarrada desmedida deste fado.
Quando caminho vou sempre cantarolando,
Enquanto a saudade me assalta de mansinho,
E então transforma, por instantes, o caminho
Nessas memórias que sempre estou recordando.
Será que o tempo algum dia me levará
Do coração estas relíquias preciosas,
Que são pedaços de vivências tão saudosas
E que recontam um tempo que já não há?
Rios de amores
Prados de flores
E às vezes dores
Todos eles conheci
Mas foi com garra
Pela guitarra
Terna e bizarra
Que eu um dia me perdi
09/06/2007
0:33
(Para cantar com a música do "Fado Moleirinha", estilizada com refrão, de origem popular.)
segunda-feira, junho 18, 2007
Coma.
Quanto tempo passou?...
Quantas horas solitárias, quantos gritos inaudíveis?
Quanta vontade vã de chorar?
Não compreendo… Isto não pode estar certo. Eu tenho uma vida para viver, uma vida incompatível com este estado degradante de completa impotência.
Apetece-me passar as mãos pelo cabelo, ler uma revista, ou simplesmente poder ver as pessoas que, no fundo da minha mente, ouço e sei que estão junto de mim.
Quanto tempo passou?...
Quantas horas solitárias, quantos gritos inaudíveis?
Quanta vontade vã de chorar?
Não compreendo… Isto não pode estar certo. Eu tenho uma vida para viver, uma vida incompatível com este estado degradante de completa impotência.
Apetece-me passar as mãos pelo cabelo, ler uma revista, ou simplesmente poder ver as pessoas que, no fundo da minha mente, ouço e sei que estão junto de mim.
Quanto tempo passou?...
quinta-feira, junho 14, 2007
Emancipação vervosa...
De que faço as minhas frases? De paredes; de pedras duras, opacas, dormentes. De momentos rijos, cheios de pus. De mim.
Emancipação vervosa.
Não controlo as palavras. Não controlo nem a mão. Sou igual às crianças que passam. O meu cérebro é que cresceu demais e dói-me nas costuras do crâneo.
A pele quase não me serve. Dispo-a e revisto-me. Revisito-me. Reescrevo-me.
(Um texto da minha irmã, Cláudia Morais, que aproveito para saudar.)
Emancipação vervosa.
Não controlo as palavras. Não controlo nem a mão. Sou igual às crianças que passam. O meu cérebro é que cresceu demais e dói-me nas costuras do crâneo.
A pele quase não me serve. Dispo-a e revisto-me. Revisito-me. Reescrevo-me.
(Um texto da minha irmã, Cláudia Morais, que aproveito para saudar.)
quarta-feira, junho 13, 2007
Saudade esculpida.
Fiz da minha saudade uma escultura
P’ra acalmar esta dor que me traz morto;
Esculpi no mármore a tua figura
Esperando nela encontrar reconforto.
Com um cinzel de prata luzidia;
Com um martelo de bronze robusto;
Esculpi na dura pedra noite e dia,
Num trabalho doloroso e injusto.
Depois da minha obra concluída,
Fitei a calidez que ela encerrava…
Fiquei ali prostrado, olhando a vida
Que nessa estátua vã se insinuava.
Num momento fugaz se fez magia
E a tua voz falou enternecida:
“Não percas nunca essa tua alegria
Que alegrias me deu por toda a vida.”
08/06/2007
1:25
(Para cantar com a música do "Fado Bizarro", de Acácio Gomes Silva.)
P’ra acalmar esta dor que me traz morto;
Esculpi no mármore a tua figura
Esperando nela encontrar reconforto.
Com um cinzel de prata luzidia;
Com um martelo de bronze robusto;
Esculpi na dura pedra noite e dia,
Num trabalho doloroso e injusto.
Depois da minha obra concluída,
Fitei a calidez que ela encerrava…
Fiquei ali prostrado, olhando a vida
Que nessa estátua vã se insinuava.
Num momento fugaz se fez magia
E a tua voz falou enternecida:
“Não percas nunca essa tua alegria
Que alegrias me deu por toda a vida.”
08/06/2007
1:25
(Para cantar com a música do "Fado Bizarro", de Acácio Gomes Silva.)
terça-feira, junho 12, 2007
Anoitece...
O timbre do pôr-do-sol sabe a amoras.
As nuvens passageiras são como algodão-doce na minha córnea e cogumelos no meu palato.
Já contei cinquenta e sete grãos de areia,
Cinquenta e oito,
E duas gaivotas que passeiam taciturnas nas marés dos meus desejos.
Enxergo no horizonte a fina fronteira entre azuis,
Bordada pela mão das minhas saudades e urdida de sal e silício.
Encontro na casualidade dos dias a causalidade de um instante que é perpétuo,
E que sobrevive em simbiose com os meus eritrócitos.
E no fim do ocaso,
Cerrado o manto da negrura e acesa a candeia de Selene,
Dou por mim a vasculhar na espuma morta das minhas ondas,
Qual mendigo buscando perguntas para as suas respostas…
04/06/2007
22:05
As nuvens passageiras são como algodão-doce na minha córnea e cogumelos no meu palato.
Já contei cinquenta e sete grãos de areia,
Cinquenta e oito,
E duas gaivotas que passeiam taciturnas nas marés dos meus desejos.
Enxergo no horizonte a fina fronteira entre azuis,
Bordada pela mão das minhas saudades e urdida de sal e silício.
Encontro na casualidade dos dias a causalidade de um instante que é perpétuo,
E que sobrevive em simbiose com os meus eritrócitos.
E no fim do ocaso,
Cerrado o manto da negrura e acesa a candeia de Selene,
Dou por mim a vasculhar na espuma morta das minhas ondas,
Qual mendigo buscando perguntas para as suas respostas…
04/06/2007
22:05
segunda-feira, junho 11, 2007
sexta-feira, junho 08, 2007
Sentença de saudade.
Pensei que a vida era infinda
E deixei correr as águas;
Vivendo uma vida linda,
Nem dei p’lo chegar das mágoas…
E, cedo demais, parou
A corrente dessa vida
Que tanta mágoa deixou
Na hora da despedida.
Dói tanto a dor dessa ausência,
De uma sina traiçoeira,
E não há arte ou ciência
Que transponha essa barreira.
Fica o sabor a saudade,
E um rumor dessa presença,
Que não tem cor nem idade,
Que agora é minha sentença.
07/06/2007
3:41
(Para cantar com a música do "Fado das Mágoas", de Pedro Lafões de Bragança.)
E deixei correr as águas;
Vivendo uma vida linda,
Nem dei p’lo chegar das mágoas…
E, cedo demais, parou
A corrente dessa vida
Que tanta mágoa deixou
Na hora da despedida.
Dói tanto a dor dessa ausência,
De uma sina traiçoeira,
E não há arte ou ciência
Que transponha essa barreira.
Fica o sabor a saudade,
E um rumor dessa presença,
Que não tem cor nem idade,
Que agora é minha sentença.
07/06/2007
3:41
(Para cantar com a música do "Fado das Mágoas", de Pedro Lafões de Bragança.)
Slow-motion.
Quando estou assim febril
A vida passa em slow-motion.
Durante breves instantes,
Consigo ver o rasto luminoso que as pessoas deixam ao passar através do veludo do tempo.
No entanto, sei que é uma ilusão…
Não existe slow-motion…
Isso é uma mentira introduzida nas nossas mentes pelos abundantes aparelhos de reprodução de vídeo que proliferam em nossas casas,
Mas não passa disso…
Não pode ser verdade,
Porque se o fosse,
Eu estaria já num tempo demasiado adiantado:
Por mim, teria passado já
(Em standard-motion)
O sumo das minhas saudades…
E isso seria frustrante…
Desesperadamente…
04/06/2007
21:01
A vida passa em slow-motion.
Durante breves instantes,
Consigo ver o rasto luminoso que as pessoas deixam ao passar através do veludo do tempo.
No entanto, sei que é uma ilusão…
Não existe slow-motion…
Isso é uma mentira introduzida nas nossas mentes pelos abundantes aparelhos de reprodução de vídeo que proliferam em nossas casas,
Mas não passa disso…
Não pode ser verdade,
Porque se o fosse,
Eu estaria já num tempo demasiado adiantado:
Por mim, teria passado já
(Em standard-motion)
O sumo das minhas saudades…
E isso seria frustrante…
Desesperadamente…
04/06/2007
21:01
quarta-feira, junho 06, 2007
Três físicos e um poema.
Meditativo estado de estar, tropical no calor...
Do Mediterrâneo que traz os ventos dos quatro cantos...
(Por que é que têm que ser sempre quantro cantos?)
Pum! Três tragos torturados de rum...
Ai pudim, da vida, tão doce, tão belo e clássico...
Sabe-me a esperança a suavidade da tua textura, e a saudade o prato vazio...
Piolhos, milhões de piolhos. O penúltimo macaco sulcou um círculo nunca visto, imprevisto.
E com este acto simples iniciou, por muito ... a descendência e o legado que o levou a...
Do levante três braços de Khayyam, Pam! Desculpa... 7:05, não era suposto; blue... Igrejos supostos de cálida e fútil, subtil núbil...
Entretanto, perdido entre o aqui e o agora, não sou mais do que o eco das minhas emanações... Fugaz como o sexo dos coelhos.
Pois estou perdido em mim, nas minhas imagens, metáforas, na minha mente, num muito mais aqui e agora mundo.
Notas agudas, retorcidas... Sofridas metáforas, extractos trogloditas, imberbes sodomitas...
Enfim, a obscura verdade escondida, perdida nos meandros aversos da minha irritante sensatez... Ávido, talvez...
Por algo que liberto, algo que esteve preso nos meus confins, à espera, algo para vós, algo que vos digo e assim digo-vos...
Tudo o que está cá dentro nunca seria descrito por estas palavras.
06/06/2007
(Co-autoria com Artur Castro e Ricardo Rosado, dois colegas físicos que muito estimo. Um abraço a ambos. Este é o nosso poema.)
Do Mediterrâneo que traz os ventos dos quatro cantos...
(Por que é que têm que ser sempre quantro cantos?)
Pum! Três tragos torturados de rum...
Ai pudim, da vida, tão doce, tão belo e clássico...
Sabe-me a esperança a suavidade da tua textura, e a saudade o prato vazio...
Piolhos, milhões de piolhos. O penúltimo macaco sulcou um círculo nunca visto, imprevisto.
E com este acto simples iniciou, por muito ... a descendência e o legado que o levou a...
Do levante três braços de Khayyam, Pam! Desculpa... 7:05, não era suposto; blue... Igrejos supostos de cálida e fútil, subtil núbil...
Entretanto, perdido entre o aqui e o agora, não sou mais do que o eco das minhas emanações... Fugaz como o sexo dos coelhos.
Pois estou perdido em mim, nas minhas imagens, metáforas, na minha mente, num muito mais aqui e agora mundo.
Notas agudas, retorcidas... Sofridas metáforas, extractos trogloditas, imberbes sodomitas...
Enfim, a obscura verdade escondida, perdida nos meandros aversos da minha irritante sensatez... Ávido, talvez...
Por algo que liberto, algo que esteve preso nos meus confins, à espera, algo para vós, algo que vos digo e assim digo-vos...
Tudo o que está cá dentro nunca seria descrito por estas palavras.
06/06/2007
(Co-autoria com Artur Castro e Ricardo Rosado, dois colegas físicos que muito estimo. Um abraço a ambos. Este é o nosso poema.)
terça-feira, junho 05, 2007
Terno segredo.
O que os teus lábios calam,
Roçando crueldade,
Mas que os teus olhos falam
Com algo de ironia;
O que as tuas mãos sentem,
Com tanta suavidade,
Mas que entretanto mentem
Durante o dia-a-dia:
É um terno segredo,
Para mim a loucura,
Que me resgata ao medo
E me deixa a sonhar.
Mas porque não revelas,
Num rasgo de ternura,
Essas verdades belas
Que anseio por escutar?
30/05/2007
2:44
(Para cantar com a música do "Fado Alexandrino do Armandinho", de Armando Augusto Freire. Para ouvir: http://www.gigasize.com/get.php/-1100180695/Terno_Segredo_Complete.mp3)
Roçando crueldade,
Mas que os teus olhos falam
Com algo de ironia;
O que as tuas mãos sentem,
Com tanta suavidade,
Mas que entretanto mentem
Durante o dia-a-dia:
É um terno segredo,
Para mim a loucura,
Que me resgata ao medo
E me deixa a sonhar.
Mas porque não revelas,
Num rasgo de ternura,
Essas verdades belas
Que anseio por escutar?
30/05/2007
2:44
(Para cantar com a música do "Fado Alexandrino do Armandinho", de Armando Augusto Freire. Para ouvir: http://www.gigasize.com/get.php/-1100180695/Terno_Segredo_Complete.mp3)
segunda-feira, junho 04, 2007
A (Re)Criação - Capítulo IV
Presunçosa.
Ignorante.
Arrogante.
Olha quem fala… Por acaso terei eu o costume de me proclamar a todo o momento a máxima e última unidade e fonte do Universo? Arrogante.
Eu apenas exclamo a verdade para que dela se faça manifesta a existência. E bastar-me-iam duas palavras para que a tua vozinha histérica se eclipsasse para além das fronteiras do exequível.
Não te parece que eu estou já bastante além de qualquer barreira que tentes atabalhoadamente inventar em três tempos?
Onde estás tu afinal?
Onde? Aqui.
Não. Eu estou aqui. Aqui existo. Nada mais pertence aqui. Onde estás?
Aqui.
Aqui… Já chega! Já me basta esta cascata de perguntas e respostas que de mim brotam e em mim se afundam constantemente, percorrendo órbitas irregulares em torno do mesmo sempre meu fútil dilema existencial. Não tornes a falar comigo. Nada tens para dizer que seja teu, nem nada tenho para ouvir que não seja meu. A vida pertence-me, assim como a… Como a… Como o quê?
A morte?
A morte…? O que é a… Mas eu não sei o que é a morte. Como podes conhecê-la se aqui e agora desconheço na totalidade a natureza desse conceito, distante e místico para mim?
Eu não a conheço.
Mas…
A morte… Olha, imagina a luz da lua na escuridão de um céu profundo.
Imagino-a a cada instante que não passa. Imagino-a prateada, regando uma planície imensa com o seu ténue orvalho cintilante que refulge nas folhagens mansas da escassa vegetação que a pontua. Imagino-a serena num céu fechado de breu, avizinhada por espalhados pontinhos brilhantes de diversos tamanhos e intensidades que permitem à escuridão celeste existir sem se quebrar de tamanha negrura. Estrelas, é isso! É uma lua e são muitas estrelas.
Que cenário maravilhoso.
Mas, consegues observá-lo?
Sim. Olha.
Mas… De onde veio isto?
De lado nenhum. Se está aqui, é porque sempre existiu.
Mas antes não estava.
Ou então antes não o vias.
Mas como?
Não sei. Aliás, quem o “fez” foste tu.
Isto não faz sentido. O que significa que Eu não faço sentido. O que significa que talvez não exista sentido. Mas eu sei que existe sentido… Oh, céus, que dilema… O dilema do sentido.
No fim, ainda vais precisar da morte.
Porquê?
Imagina o sentido deste cenário, se entretanto a lua desaparecesse…
Ignorante.
Arrogante.
Olha quem fala… Por acaso terei eu o costume de me proclamar a todo o momento a máxima e última unidade e fonte do Universo? Arrogante.
Eu apenas exclamo a verdade para que dela se faça manifesta a existência. E bastar-me-iam duas palavras para que a tua vozinha histérica se eclipsasse para além das fronteiras do exequível.
Não te parece que eu estou já bastante além de qualquer barreira que tentes atabalhoadamente inventar em três tempos?
Onde estás tu afinal?
Onde? Aqui.
Não. Eu estou aqui. Aqui existo. Nada mais pertence aqui. Onde estás?
Aqui.
Aqui… Já chega! Já me basta esta cascata de perguntas e respostas que de mim brotam e em mim se afundam constantemente, percorrendo órbitas irregulares em torno do mesmo sempre meu fútil dilema existencial. Não tornes a falar comigo. Nada tens para dizer que seja teu, nem nada tenho para ouvir que não seja meu. A vida pertence-me, assim como a… Como a… Como o quê?
A morte?
A morte…? O que é a… Mas eu não sei o que é a morte. Como podes conhecê-la se aqui e agora desconheço na totalidade a natureza desse conceito, distante e místico para mim?
Eu não a conheço.
Mas…
A morte… Olha, imagina a luz da lua na escuridão de um céu profundo.
Imagino-a a cada instante que não passa. Imagino-a prateada, regando uma planície imensa com o seu ténue orvalho cintilante que refulge nas folhagens mansas da escassa vegetação que a pontua. Imagino-a serena num céu fechado de breu, avizinhada por espalhados pontinhos brilhantes de diversos tamanhos e intensidades que permitem à escuridão celeste existir sem se quebrar de tamanha negrura. Estrelas, é isso! É uma lua e são muitas estrelas.
Que cenário maravilhoso.
Mas, consegues observá-lo?
Sim. Olha.
Mas… De onde veio isto?
De lado nenhum. Se está aqui, é porque sempre existiu.
Mas antes não estava.
Ou então antes não o vias.
Mas como?
Não sei. Aliás, quem o “fez” foste tu.
Isto não faz sentido. O que significa que Eu não faço sentido. O que significa que talvez não exista sentido. Mas eu sei que existe sentido… Oh, céus, que dilema… O dilema do sentido.
No fim, ainda vais precisar da morte.
Porquê?
Imagina o sentido deste cenário, se entretanto a lua desaparecesse…
Dor que perdura.
Dizem que o tempo cura
As dores que se sente
E que as mágoas da vida
As alivia Deus;
Mas esta dor perdura
E dói constantemente,
A dor de uma partida,
O derradeiro adeus.
Amargurada dor
Que insistes em doer,
E que não ganha idade
No tempo passageiro;
Não há sequer clamor
Que vos possa dizer
Quanto dói a saudade
De um adeus derradeiro.
Só este fado triste,
Cantado ao desalento,
Evoca uma miragem
Tão ténue do passado;
Mas esta dor persiste,
Em constante tormento,
E rouba-me a coragem
Para enfrentar meu fado.
31/05/2007
0:57
(Para cantar com a música do "Fado Alexandrino do Estoril", de Armando Augusto Freire.)
As dores que se sente
E que as mágoas da vida
As alivia Deus;
Mas esta dor perdura
E dói constantemente,
A dor de uma partida,
O derradeiro adeus.
Amargurada dor
Que insistes em doer,
E que não ganha idade
No tempo passageiro;
Não há sequer clamor
Que vos possa dizer
Quanto dói a saudade
De um adeus derradeiro.
Só este fado triste,
Cantado ao desalento,
Evoca uma miragem
Tão ténue do passado;
Mas esta dor persiste,
Em constante tormento,
E rouba-me a coragem
Para enfrentar meu fado.
31/05/2007
0:57
(Para cantar com a música do "Fado Alexandrino do Estoril", de Armando Augusto Freire.)
domingo, junho 03, 2007
sábado, junho 02, 2007
Ontem.
Tenho dentro de mim a história dos mundos.
Nas profundezas da minha consciência,
Transporto as guerras que hão-de vir
E os tratados e pactos que lhes porão termo.
Mas apregoo-me inocente...
Numa imensa arrogância, finjo-me estrangeiro a essas subtilezas,
Superior à natureza selvagem e darwiniana com que a existência nos sujbuga...
(Ontem,
Deitado confortavelmente em lençóis de presunção,
Achei-me nu perante mim
E tive vergonha.
Os meus olhos, quais espelhos,
Repetiam incessantemente a minha nudez,
Ávida de protagonismo,
Em ecos sonoros a reverberar no meu crâneo.)
Sei que trago comigo esperanças e destroços,
Mas trar-me-ei ainda a mim?
Ou perdido me deixei ficar quando na bruma,
Na mais pesada negrura,
Encontrei a minha própria história...?
31/05/2007
17:14
Nas profundezas da minha consciência,
Transporto as guerras que hão-de vir
E os tratados e pactos que lhes porão termo.
Mas apregoo-me inocente...
Numa imensa arrogância, finjo-me estrangeiro a essas subtilezas,
Superior à natureza selvagem e darwiniana com que a existência nos sujbuga...
(Ontem,
Deitado confortavelmente em lençóis de presunção,
Achei-me nu perante mim
E tive vergonha.
Os meus olhos, quais espelhos,
Repetiam incessantemente a minha nudez,
Ávida de protagonismo,
Em ecos sonoros a reverberar no meu crâneo.)
Sei que trago comigo esperanças e destroços,
Mas trar-me-ei ainda a mim?
Ou perdido me deixei ficar quando na bruma,
Na mais pesada negrura,
Encontrei a minha própria história...?
31/05/2007
17:14
sexta-feira, junho 01, 2007
Mistério profundo.
Vagueio só p’las vielas
Trazendo por companhia
A vaga luz das estrelas
E a minha melancolia.
Caminhando entristecido
Os trilhos desta saudade,
Vou pelas ruas perdido
Procurando claridade,
E procurando entender
Este mistério profundo:
Porque temos que morrer
E deixar p’ra trás o mundo?
01/06/2007
0:29
(Para cantar com a música do "Fado Carriche", de Raul Ferrão.)
Trazendo por companhia
A vaga luz das estrelas
E a minha melancolia.
Caminhando entristecido
Os trilhos desta saudade,
Vou pelas ruas perdido
Procurando claridade,
E procurando entender
Este mistério profundo:
Porque temos que morrer
E deixar p’ra trás o mundo?
01/06/2007
0:29
(Para cantar com a música do "Fado Carriche", de Raul Ferrão.)
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