segunda-feira, abril 23, 2007

Natureza Mística - Um encontro com a beleza na Ria de Alvor

Natureza Mística
Na apaziguadora tranquilidade da paisagem, uma beleza mágica e selvagem sobressaía. Os tons pardos da areia e do sol, mesclados com o azul das águas e do céu, e com o verde dos montes ao fundo, formavam uma miscelânea de cores que, em uníssono, constituíam a base da beleza do local. Ao longe, embarcações de diversos feitios eram como meros pontos dissonantes do resto da paisagem, embora de certa forma a embelezassem à sua muito característica maneira. Ainda mais longe, erguia-se a picaresca vila de Alvor, com a sua predominante cor branca devido às abundantes tradicionais casas caiadas. A toda a volta, uma imensidão de natureza envolvia-me com seu abraço místico e acolhedor, despertando em mim uma serenidade e uma paz interior não experimentáveis dentro da leviandade citadina. Enfim, encontrava-me num canto edénico, rasgado por esvoaçantes aves que, com as suas acrobacias aéreas e os seus gritos desarmoniosamente melódicos, completavam o deslumbrante quadro de bravio esplendor que contemplava naquele fim de tarde.
Fora justamente a um tão maravilhoso sítio em busca de inspiração. Sempre circulara poesia nas minhas veias, e desde cedo que comecei a exteriorizar tudo o que a alma sentia em forma de belos poemas. Escrevia ao sonho, escrevia à utopia, escrevia ao mundo mas, sobretudo, escrevia à beleza ao amor. E nesses versos em que escrevia à beleza ou ao amor, parecia que eram Musas a escrever pela minha mão, e a possuir o meu corpo e o meu espírito.
A ria era o meu escritório de eleição. Transmitia-me uma sensação de transe quase como se algo naquele ambiente bravo me possuísse realmente e, durante esse torpor físico, a caneta deslizava ligeira sobre as folhas brancas, enchendo-as de belíssimas rimas e profundas mensagens de amor e beleza. Depois despertava de novo em mim, e deparava-me com esses poemas que muito a custo identificava como meus.
Nesse crepúsculo, que recordo com sentida emoção, estava sentado a contemplar as águas que corriam quase imperceptíveis, embora lestas, para a foz. Estava a absorver a inspiração do local, a relaxar o corpo e a mente, e a abrir o espírito. O Sol projectava, por detrás dos montes, o seu reflexo no leito cristalino, criando um panorama de acrescida beleza.
Comecei, então, a escrever. Naquele estado alterado, as linhas fluíam tão lestas e imperceptíveis como as águas da ria. Em cinco minutos, tinha uma página escrita. Em dez minutos tinha três. Em vinte minutos tinha sete. O Sol estava já perto do ocaso, e a luz já quase não permitia que escrevesse e, no entanto, a mão continuava, sagaz, a rabiscar as folhas do caderno.
Já o Sol, com os seus derradeiros raios vermelhos, refulgia na superfície prateada da ria, quando o grito de uma gaivota atroou os ares de uma forma tão repentina que, por momentos, interrompeu a minha concentração. Olhei na direcção de onde viera o grito, e pareceu-me vislumbrar uma silhueta ao longe, sobre as águas, a pairar sombria. Ergui-me, tentando obrigar-me a perceber melhor o que observava, embora em vão. Pareceu-me, então, que a silhueta avançava, como se caminhasse pelas águas como quem caminha pelo chão. À medida que se aproximava, eu ia distinguindo mais pormenores, como o cabelo pela cintura e o vestido azul ou verde marinho. Ainda punha a hipótese de se tratar de uma visão resultante da minha transe, mas essa hipótese acabou por se desvanecer quando, subitamente, a voz mais bela que alguma vez ouvira e viria a ouvir soou na minha mente, demasiado claro para ser uma ilusão:
– Saúdo-te, jovem, e peço-te que não me temas. Não pretendo fazer-te mal!
Um nó na minha garganta inviabilizou qualquer hipótese de resposta. Estava estático, receoso, curioso, estupefacto e incrédulo ao mesmo tempo. No meu espírito, um sem número de emoções simultâneas que precisavam de ser assimiladas e processadas mantinha-me estacado e atento.
– Havia muito que não encontrava alguém que me ouvisse. Aliás, vagueio por esta ria há tantos anos que nem me consigo lembrar se já alguém me tinha ouvido. É impressionante como o ser humano é capaz de passar inúmeras vezes mesmo ao lado de certas coisas sem nunca se aperceber delas…
– Quem és tu?
Finalmente conseguira responder.
– Eu não sou alguém. Eu simplesmente sou. Sou o amor e sou a beleza… E tenho sido durante séculos a fio, condenada a uma dolorosa solidão.
– De onde vens?
– Sempre existi. Antes ainda de haver mundo, eu já vagueava pelas estrelas, moldando o Universo à minha maneira. Depois encontrei este planeta, cheio de vida, o que devia significar que estaria cheio de amor e beleza. Mas…
Interrompeu-se sem qualquer justificação. Estava agora muito perto de mim, na margem, e era de uma beleza transcendental, esboçada pela figura esbelta, pelos traços meigos e pelo porte donzelesco que pareciam delicadamente esculpidos na mais preciosa pedra pela própria mão de Deus. Tamanha beleza nunca antes a vira, nem mesmo na lindíssima paisagem da ria. E também nunca o meu coração palpitara tão rapidamente, galopando como um nobre corcel de sangue puro por pradarias e bosques. Naquele momento, senti-me como se estivesse perante a mais bela das musas, a mais graciosa das fadas, a mais atraente das sílfides ou mesmo perante a própria Afrodite. Um pouco sem querer, murmurei-lhe:
– Tu és… Tu és lindíssima!
Senti uma brisa marinha a desalinhar-me os cabelos soltos.
– Porque vives aqui?
– Este local é um santuário de beleza, de uma natureza fantástica como nunca encontrei em lugar algum. Neste paraíso natural encontro o bem-estar e a serenidade de que preciso para viver.
Fiquei por uns instantes a pensar no que me fora dito. O local era, de facto, de uma beleza quase divina, mas sempre crera que houvesse inúmeros locais ainda mais belos que aquele pelo mundo fora. Quase como se me tivesse adivinhado os pensamentos, a mulher respondeu-me:
– Vivo aqui não só pela beleza, mas pela energia mística que por aqui paira, muita dela contendo vestígios das pessoas que por aqui passaram, e que deste local dependeram. Os marinheiros que da foz partiram em busca do seu ganha-pão no alto-mar, ou mesmo nas terras além-mar, distantes como o fim do mundo. Os pescadores que da ria extraíam isco para o seu ofício, e que apanhavam marisco para ganharem mais algum. O suor e mesmo o sangue de homens, através dos tempos, foram derramados nestas águas portadoras das suas almas, ofertadas ao mar enquanto com o destino lutavam. Desde as eras mais remotas, vidas consumiram a ria, e por ela foram consumidas. E não só de vidas humanas se preenche este éter esotérico, mas também das almas das criaturas que povoam esta zona, e que, ainda primeiro que os homens, já nela procuravam nutrição e guarida. Espécies únicas encontram-se a esvoaçar sobre as nossas cabeças, ou mesmo a rastejar sob os nossos pés. Até a vegetação característica, que pintalga as dunas de verde, tem a sua mística. E tudo em uníssono, toda essa energia que aqui tem morada, constitui o que de mais belo há no mundo. Poucos são os locais no mundo cuja beleza e energia permanecem preservadas. Este é um local abençoado por Deus. Nunca se deveria interferir na evolução do seu ecossistema. Durante tantos anos, este paraíso terreno tem-se mantido íntegro. Não há razão que justifique a sua condenação.
O seu discurso tocou-me bem lá no fundo. Quando as coisas são ditas de um modo tão claro e directo, ninguém é capaz de ficar indiferente. De facto, agora que me fora dito, sentia essa energia, e percebi finalmente a natureza das minhas transes: era essa energia, acumulada através dos anos, que me possuía e que escrevia a sua história e os seus sentimentos através da minha mão. Era essa memória, das almas e dos seres da ria, que eu vagamente reconhecia nos meus poemas como parte de mim. Todos temos um pouco das nossas raízes, e eu compreendi que as minhas estavam enterradas naquele lugar mágico.
– Volta amanhã. Eu estarei aqui à tua espera. Agora tens que ir.
Sem sequer me dar hipótese de me despedir, desvaneceu-se à minha frente como uma nuvem de fumo. De novo, um sopro marinho trouxe-me o aroma da maresia, e de novo o grito de uma gaivota soou, agora mais longe e menos claro. Era noite.

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Durante algumas semanas, encontrava-me diariamente com aquela mística figura, mostrando-lhe os poemas que escrevia, e juntos aproveitávamos os últimos raios que o Sol irradiava para apreciar a maior beleza que a paisagem proporcionava. Com as suas cores esbatidas de crepúsculo, o Sol projectava uma luz que conferia à ria o seu pico de excelsa sublimidade. Durante esse tempo, que foi talvez o mais feliz de toda a minha vida, aprendi muito sobre a beleza e a energia mas, sobretudo, aprendi o que era o amor. Não esse amor mundano que se vive tão levianamente hoje em dia, mas o verdadeiro e puro amor. E o mais caricato da situação é que eu amava alguém que só eu podia ver, ouvir e sentir, e cujas verdadeiras essência e natureza me eram desconhecidas. Estaria eu apaixonado por um anjo ou divindade?

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Certo dia, a caminho da ria, deparei-me com a passagem vedada. Um enorme placar dava informação sobre o motivo da vedação: uma empresa de construção civil comprara a licença para construir um empreendimento turístico de luxo em ambas as margens da ria, um condomínio balnear para gente rica. Quando me apercebi do que realmente estava para acontecer, o pânico apoderou-se do meu espírito, imobilizando-me. Se essa empreitada se concretizasse, isso significaria o fim da magia daquele lugar e, mais importante que tudo, o fim dos meus encontros com aquela que eu amava.
À socapa, pulei a vedação, e corri até ao local habitual. Chamei pela minha amada aparição, embora sem obter qualquer resposta. O desespero começou a corroer-me o espírito, e senti-me sem forças, caindo sobre os meus joelhos na areia, molhada por lágrimas que tombaram dos meus olhos lacrimosos. O meu espírito era um rodopio de sentimentos dolorosos, impedindo-me de me recompor ou de me acalmar. Para mim, o sonho acabara naquele momento e, sem ele, viver deixaria de ter sentido. Senti que não valia a pena viver sem a pessoa amada, fosse ela quem fosse. Não com tanto que havia ainda por partilhar com ela. Não com tanto amor por dar e receber. Tanto que tivera, e tanto que perdera…
Não sei se por sorte ou se por azar, um homem de compostura senhorial, vestido a rigor com um fato cinzento de fazenda, e transportando uma pasta de executivo que aparentava estar carregada de papéis, aproximou-se, falando-me arrogante:
– Você não sabe ler? Não viu que isto está vedado ao público e que vai haver aqui uma obra privada?
A revolta tomou conta de mim.
– O senhor não tem o direito de fazer o que pretende. Este lugar é de todos, e a todos tem pertencido desde os tempos mais remotos.
– Mais um ambientalista não. Desculpe, mas não estou com pachorra. Eu tenho todo o direito para fazer o que bem entender. Caso tenha alguma objecção, fale com os meus advogados, que eles terão todo o gosto em mostrar-lhe as licenças. Agora, exijo que saia da minha propriedade, caso não queira que chame a autoridade.
– O senhor não compreende… Este lugar é um paraíso, e a sua energia…
– Este lugar é um antro de porcaria e bichos irritantes, e deveriam todos agradecer-me por investir o meu dinheiro para fazer desta nojice algo decente que traga turismo à zona. Agora exijo que saia daqui imediatamente.
Indignado por ter sido interrompido, encarei-o nos olhos e saí a correr. Era muita coisa em simultâneo para digerir. Quase cego pelas lágrimas que escorriam abundantes pela minha face, só parei quando alcancei a estrada. Aí, caí de bruços e chorei intensamente. Chorei tanto e durante tanto e tanto tempo que perdi a noção do próprio tempo. Quando, por fim, me levantei, sem saber o que fazer ou como reagir, pus-me a pedir boleia. Por fim, um estrangeiro simpático parou e deixou-me em casa.
Nessa noite, deitado na cama, sem conseguir dormir, com o caderno aberto sobre mim, houve um momento em que me pareceu ouvir a voz da minha amada dizer:
– Descansa. Eu ainda continuo aqui…
E, quando a ouvi, a tensão que acumulara desvaneceu-se lentamente, dando lugar a uma paz infindável, acabando eu por adormecer pouco depois.

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Encontrava-me a pairar no vácuo, entre estrelas e outros astros. À minha frente, segurando a minha mão, seguia a minha amada, agora com traços nítidos e substanciais, em vez da suave silhueta gasosa que vislumbrava aquando dos nossos encontros na ria. Guiava-me pelo vazio, murmurando uma melodia que me acalmava e transmitia um calor reconfortante. Ia assim flutuando na imensidão do Espaço, como se não existisse tempo e da eternidade se tratasse.
Subitamente, o cenário começou a mudar, como se as estrelas e o escuro se fossem desvanecendo, para dar lugar à magnífica paisagem da ria, embora a sua consistência parecesse fantasmagórica, como a da minha amada aquando dos nossos encontros.
Parámos, e ela virou-se para mim. Com a sua voz meiga, disse:
– Preciso do teu corpo. A minha vida na Terra não é mais do que uma presença espectral. Para salvar a ria, preciso de um corpo substancial. Só tu me podes ajudar. Mas, caso me aconteça alguma coisa, tu corres o risco de morreres.
– Eu farei tudo por ti. Faz o que tens a fazer.
– Obrigado.
– Tu sabes porque o faço.
– Pois sei.
– Então desejo-te toda a sorte do mundo.
Senti algo entrar dentro de mim, e a sua voz melodiosa soou na minha cabeça, dizendo:
– Sabes, eu…
Uma pausa que pareceu uma eternidade fez-me ansiar por uma determinada resposta.
– Podes dizê-lo.
– Eu… Eu também espero que corra tudo bem. E se não nos voltarmos a ver, lembra-te sempre de mim, e protege a nossa memória e o cenário onde ela se alojará para sempre…

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O que verdadeiramente se passou, nunca o saberei ao certo. Sei apenas que, ao acordar, não me encontrava em casa. Aliás, fiquei de tal maneira chocado que, por momentos, pensei que tinha acordado apenas em sonhos, e que tudo aquilo não passava de uma ilusão. No entanto, sabia que essa hipótese fora por mim formulada como um modo de adiar a constatação daquilo que realmente estava a acontecer, e que eu sabia ser verdade. Algo de inexplicável acontecera depois daquele estranho sonho que tivera.
Encontrava-me numa sala desconhecida, de aspecto rude e nu. Dois sofás velhos vermelho-púrpura e uma mesinha de sala constituíam a única e rudimentar decoração daquele espaço que, na minha ideia, parecia funcionar como sala de espera. Mas o meu maior espanto foi quando reparei no objecto ao meu lado: a pasta do empreiteiro com que me cruzara na ria.
Impelido em parte pela minha curiosidade, e em parte pela minha intuição, abri-a e confirmei o que me parecera no dia anterior: a pasta estava cheia de papéis, arrumados em três capas plásticas. Retirei a primeira, e pude ler como título “Projecto Alvor Ria Club”. No seu interior, constava o projecto para a construção do tal empreendimento, em páginas infindáveis de texto e desenhos arquitectónicos. Mas as surpresas não tinham ainda terminado pois, no meio de toda aquela papelada, encontrei uma folha branca escrita numa caligrafia aprumada e arrumada, muito diferente dos gatafunhos desordenados com que os textos do projecto estavam escritos. Nessa folha, estava escrita uma carta, endereçada a mim, que dizia:
«Entrega esta pasta ao Agente Araújo. Diz-lhe que a encontraste na ria e que a abriste para ver se encontravas algum indício de quem pudesse ser o seu dono e que, ao veres que continha projectos ilegais, decidiras trazê-la para que a Polícia Judiciária investigasse o caso. Depois disso, és livre de fazeres o que quiseres, mas recorda o meu último pedido, que te fiz num sonho. Parto para outro lugar, porque a minha missão aqui foi cumprida. A ria está salva. Tenho agora que ir em busca de um outro paraíso terreno, de um outro canto de magia e beleza, para o proteger e para por ele zelar, até que um dia um jovem como tu me ouça e me ajude como tu me ajudaste. Talvez um dia eu regresse, quando a ria estiver em perigo, daqui a muitos, muitos anos. Espero que algum dia me consigas compreender. Desculpa se parto, mas comigo trarei sempre a tua memória e o teu amor.
Adeus.»
Fora ela a responsável por tudo aquilo. Ela conseguira a prova que nos permitiria salvar a ria, e deixara-ma antes de partir, para que eu terminasse o trabalho que ela tivera, e para que obtivesse eu o mérito que a ela apenas pertencia.

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Hoje, recordo com sentida emoção e profunda saudade, essa linda história que um dia vivi, e cuja memória escrevo nesta linhas portadoras do meu sentimento e da minha lembrança. Depois de ler a carta, um homem de estatura baixa, olhos muito juntos, pescoço curto, cabelo eriçado, bigode farto e porte avantajado assomou-se à porta da sala onde me encontrava, chamando por mim. Segui-o ao seu gabinete, onde reparei numa placa sobre a sua secretária onde podia ler-se “Agente Araújo”.
Depois, fiz tudo tal e qual como me fora indicado, e acabei por ser mandado para casa, com a promessa de que iriam investigar o caso. Passados cinco dias, o resultado dessas investigações rapidamente se espalhou pela cidade: o projecto era, de facto, ilícito, e as licenças tinham sido falsificadas pela empresa do empreiteiro, após o que o dito sujeito confessou ter, de facto, falsificado as licenças. Enfim, a ria fora salva, e o indivíduo acabou na prisão.
E assim acabara esta pequena história das histórias da minha vida que, apesar de breve, foi talvez a mais importante. No entanto, a minha vida não acabara ainda, nem tão pouco a minha história.

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Nos anos que se seguiram, fui-me tornando mais maturo, tanto a nível intelectual e social, como a nível pessoal, moral e espiritual. Conservei em mim a lição de amor que aprendera na minha convivência com aquela meiga e belíssima entidade que um dia, quando abandonar o meu corpo, espero reencontrar, num mundo onde tudo e todos forem apenas Luz. Mas até lá, continuarei a viver intensamente, guardando a recordação desse amor que um dia vivi, perante o mais fabuloso dos cenários que a minha terra tinha e tem para me oferecer: a fascinante e encantadora Ria de Alvor.

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