sábado, abril 07, 2007

Saudade...

Faço todas as coisas invisíveis parecerem azuis
Sempre que acordo com o calor do sol a invadir-me o espírito filtrado pela cortina gentil.
Guardados no meu coração estão todos os provérbios sábios que um dia mos disseram os meus avós.
Ah, como recordar os momentos felizes sem ser indecentemente assaltado por lágrimas inconscientes e saudosas que varrem o meu rosto em suaves riscos húmidos de natureza metafórica?
Ser feliz com a memória do passado é como descobrir que a vida é uma encenação quase irrepreensível dos caprichos insondáveis e intangíveis de um qualquer sujeito incorpóreo e místico que nega aos seus fantoches a verdadeira experiência de ser por pura malícia.
Belos os olhos verdes que vejo tão nitidamente no fundo das minhas recordações, e as mãos engelhadas que transportavam mais sabedoria do que rugas, e o falar terno que ainda ouço uma ou outra vez quando me sinto sozinho e desamparado.
Será justo não existir justiça na condição humana de vida?
O que virá depois de tudo isto?
Quantas exclamações de saudade serão precisas para que tudo volte à sua origem, e quantos serão os prantos necessários para que os rios sequem de vez?
A verdade é que só existe vida porque não nos importamos de morrer.
Sempre valem a pena todos os choros inconsolados e todas as batalhas absurdas com que nos deparamos ao longo do tempo.
Um dia tudo vai mudar… E nesse dia…
Tudo regressará à sua condição original de luz.
Luz.

08/11/2006
18:25

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