quinta-feira, abril 26, 2007

Quantos ais...?

Chovem espinhos dos meus olhos como sangue corre nas veias…
Ai, quanto dói a derradeira despedida,
O último sorriso,
Aquele agora distante suspiro que enternecia a própria ternura…
Soluços, espasmos, gritos convulsos em desesperado chamamento,
Ferramentas obsoletas quando a barreira é a eternidade…
Ai, quantos mais ais…?
Para quando o sossego?
Clamores e prantos desconsolados são agora o meu amanhecer e anoitecer,
Naqueles instantes de profunda saudade em que quase se rasga o tempo com o gume da angústia.
Ai, quantos mais prantos?
Como, o sossego?
Como, quando ao meu apelo apenas responde o inabalável silêncio e a implacável ausência?
Ai, quanto silêncio…
Quanta desilusão…
Não existe tamanha crueldade como o frio golpe do inominável,
Nem tamanha solidão como esta de afagar um rosto imaginado no ar inócuo à minha frente.
À música irreversível da existência que antes ouvia completa dentro de mim,
Falta-lhe agora um harpejo, dois, vinte, mil…
E mesmo que seja apenas um, que sentido dar aos outros nesta agora desconexa melodia,
Que chega mesmo a ser-me estranha quando outrora fora entranha?
Ai, os olhos, as mãos, os cabelos, a face,
A linda face…
Quanto tempo até tornar a ver-te?
Quantos mais ais…?

26/04/2007
3:48

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