terça-feira, abril 17, 2007

O cotovelo descaído sobre a mesa...

Para quê rasgar-me em tantos pedaços quantos os caminhos que me apontam
De nada serve fingir
Sufocar-me de culpas e desculpas não vai resolver nada
Recortar pontos negros dispersos sem fim é como amputar uma mão só porque a outra é mais bela
E levaria todo o tempo que me cabe até a tela ser toda branca
Aí já nada teria cor
O sentido das coisas, que era vago, tornara-se vácuo
E os meus olhos chorariam uma a uma as manchas de tinta apagadas mas não anuladas

Só queria ter um lugar para me enraizar
Deixar de ser nómada e ter de passar sede por desertos e tundras
Só queria ser aceite entre vós
Sem pré-requisitos nem burocracias nem metas nem constituições
Uma amizade franca e descomprometida
Um porto e um cais onde encontrar guarida ou de onde descer a vela rumo ao infinito
Um pouco de tudo que é quase nada

Sinto-me alienado
Hoje, sou apenas o cotovelo descaído sobre a mesa
E o ar de quem julga ter perdido a sanidade das coisas
Mapeando emoções tumultuosas e convulsivas que se revezam impiedosamente
E sigo assobiando sempre a mesma melodia

20/02/2006
00:45

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