quarta-feira, maio 30, 2007

A minha avó.

Das saudades que trago no meu peito
Nasce este fado ameno e tão saudoso
Daquela cujo rosto, ainda perfeito,
Guardo como um tesouro precioso.
Desde a mais tenra idade a conheci.
Vê-la partir deixou-me desolado.
Horas belas que consigo vivi
Lembro e imortalizo neste fado.

As mãos já enrugadas
Mas sábias e talentosas,
Empunharam espadas,
Foram também carinhosas.
Do seu ventre nasceu
Uma linhagem vistosa,
E que enquanto viveu
Muito a deixou orgulhosa.
Seu ar
Sempre humilde mas distinto.
E não raras vezes sinto
Que nunca me deixou só.
O olhar,
Verde como a natureza,
Tinha a graça e a beleza,
Era assim a minha avó.

Recordo, emocionado, as histórias
Que me foram contadas em infância.
São agora, de todas as memórias
Das que conservo com mais importância.
E eis que esta saudade, em desatino,
Uma lágrima arranca de rompante,
Ao recordar aquela, que em menino,
Foi presença tão forte e tão marcante.

25/05/2007
5:55


(Para ser cantado com a música do "Fado Cunha e Silva", de Armando Machado.)

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