domingo, maio 27, 2007

Sou o que escrevo.

Sou as reticências que escrevo;
Pontuação desordenada, de sintaxe pós-modernista.
Sou, e sem remorso, todos os parênteses do meu discurso,
Apartes indiscretos com que pinto os que me lêem.
Sou principalmente, aqui e agora, todos os complementos circunstanciais das minhas inconstantes orações;
Lugares, momentos difusos;
Sugestão de profundidade tridimensional quando o mundo é uma folha de papel.
Sou a fala de um personagem e a resposta previsível do seu interlocutor,
E o travessão que pressagia todos os monólogos que têm vida na minha mente hiperactiva,
E o travessão seguinte que completa a encadernação artesanal.
Sou as elipses que transmitem fugacidade à narrativa,
Que espalham no tempo fragmentos intemporais dos meus sonhos semi-conscientes.
Sou ainda a lombada grossa da minha máscara literária.
Sou a ilustração na capa e o fundo a marca de água que dá sensação de transparência.

Quando escrevo, sou o que escrevo.
Quando sou, sou o que escrevo.

14/02/2006
01:30

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