De repente, esqueci-me de estar...
Limitei-me a sorver de relance a orgia implacável do acaso
E a auscultar de soslaio o verde rupestre estampado da ocasião.
A vida era um ponteiro,
Detido no derradeiro propósito,
O sentido de todos os caminhos,
Relvado em chamas que se estende, criterioso, sobre pés de sílex
Que rasgam sulcos profundos
Que albergam rios de vontades
Que acendem letras ao vento
Que, enfim, embala os poetas na sua epopeia de sentir o que é silêncio.
E assim, esquecido de estar lembrado,
Ausente das ligações corporais,
Entregue ao rumor esguio de um remoinho,
Esqueço-me de que estou esquecido,
E torna a sombra e o filme de celofane e o pano ergue-se uma vez mais,
Aplausos na plateia,
Um incómodo pigarreio que consome o espectador,
E a espectativa é consolada com mais umas cenas na tragi-comédia absurda,
Impávida,
Que somos em coro.
Entre uma parede e um muro,
Uma vela inunda a atmosfera com trémulas silhuetas que se insinuam,
Sem convicção,
Alicerces;
Mas basta um sopro oportuno no vazio circundante
Para que a ilusão se desfaça:
Faça-se penumbra e escuridão,
Para que o crepúsculo não seja em vão.
23/12/2008
5:07
terça-feira, dezembro 23, 2008
segunda-feira, dezembro 22, 2008
Pintor de fios invisíveis.
Um pintor que junta as cores ao acaso,
Que escuta apenas o ruído de uma ideia mais ousada;
Assiste, lívido, quase incrédulo, à génese improvável da sua obra,
Enquanto uma mão invisível delibera.
Assim, sonhamos e lutamos e tombamos de joelhos no chão,
As mãos que seguram frustração,
E o peso frenético da verdade arrastada pela terra batida, cansada,
Do tempo sem dono.
22/12/2008
18:02
Que escuta apenas o ruído de uma ideia mais ousada;
Assiste, lívido, quase incrédulo, à génese improvável da sua obra,
Enquanto uma mão invisível delibera.
Assim, sonhamos e lutamos e tombamos de joelhos no chão,
As mãos que seguram frustração,
E o peso frenético da verdade arrastada pela terra batida, cansada,
Do tempo sem dono.
22/12/2008
18:02
quarta-feira, dezembro 17, 2008
Ambrosia.
Sou um embrião de carnes e espinhos,
Toda a música guardada entre dois dedos que se estalam
Agora
Mas ecoam e reverberam, interferindo e diferindo e divergindo e confluindo,
Até que estalem novamente.
Tenho os segredos escondidos,
Muito unidos,
Debaixo de uma almofada que me embala de madrugada;
Levam, de noite, a cochichar a meia-voz sobre pintura e literatura e jardinagem,
(Shakespeare, Goethe, Rembrandt, girassóis...)
Verdade, sem ler nos lábios, não é sinal de franqueza,
Nem o néctar do discurso se saboreia no almanaque por que me ensaio:
Sempre que a rua chora, choro com ela.
Só p'ra que não chore sozinha...
15/12/2008
7:34
Toda a música guardada entre dois dedos que se estalam
Agora
Mas ecoam e reverberam, interferindo e diferindo e divergindo e confluindo,
Até que estalem novamente.
Tenho os segredos escondidos,
Muito unidos,
Debaixo de uma almofada que me embala de madrugada;
Levam, de noite, a cochichar a meia-voz sobre pintura e literatura e jardinagem,
(Shakespeare, Goethe, Rembrandt, girassóis...)
Verdade, sem ler nos lábios, não é sinal de franqueza,
Nem o néctar do discurso se saboreia no almanaque por que me ensaio:
Sempre que a rua chora, choro com ela.
Só p'ra que não chore sozinha...
15/12/2008
7:34
segunda-feira, dezembro 15, 2008
Conc(e)r(e)to.
Os corpos fluorescem à luz roubada de um bolero,
Sonhos sobre sonhos sobre a natureza do sonho
Túmido.
Azul, tingido a pastel, corriqueiro
Na melodia de uma sombra vocalizada;
Sílabas que entretêm a espera diminuta,
(Não deixes que a memória te estrague a surpresa...)
Um passo cadente depois de outro sucedente.
A trovoada, entretanto, coaduna-se ao seu murmúrio,
Num ruído que se inventa a cada repetição,
Sucessão nunca monótona, átona, perpétua,
Como uma súplica abdicada num trono em ruínas.
Gosto de timbres insatisfeitos
E amantizados de quirais, logrados cinzentos adágios.
As minhas horas desfiadas no vento de mim...
Depois de tudo,
Em antecipação vacilante,
Recorta-se em papel autocolante um ou dois momentos de consternação;
Na película fina que os envolve, mentem-se os silêncios que ficam por se ouvir:
O último sempre, para sempre,
Em primeiro lugar.
11/12/2008
00:07
Sonhos sobre sonhos sobre a natureza do sonho
Túmido.
Azul, tingido a pastel, corriqueiro
Na melodia de uma sombra vocalizada;
Sílabas que entretêm a espera diminuta,
(Não deixes que a memória te estrague a surpresa...)
Um passo cadente depois de outro sucedente.
A trovoada, entretanto, coaduna-se ao seu murmúrio,
Num ruído que se inventa a cada repetição,
Sucessão nunca monótona, átona, perpétua,
Como uma súplica abdicada num trono em ruínas.
Gosto de timbres insatisfeitos
E amantizados de quirais, logrados cinzentos adágios.
As minhas horas desfiadas no vento de mim...
Depois de tudo,
Em antecipação vacilante,
Recorta-se em papel autocolante um ou dois momentos de consternação;
Na película fina que os envolve, mentem-se os silêncios que ficam por se ouvir:
O último sempre, para sempre,
Em primeiro lugar.
11/12/2008
00:07
terça-feira, dezembro 09, 2008
Quatro terços (compasso de dança).
Atento ao passo lesto,
Vagabundo,
Desta dança,
O meu olhar modesto
No teu mundo
Se entrelaça;
As minhas mãos são lendas
Esculpidas
Em criança,
Abertas p'ra que acendas
Esta vida
Que te abraça.
08/12/2008
Vagabundo,
Desta dança,
O meu olhar modesto
No teu mundo
Se entrelaça;
As minhas mãos são lendas
Esculpidas
Em criança,
Abertas p'ra que acendas
Esta vida
Que te abraça.
08/12/2008
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Jogo de endurance.
Fechados os estores,
Atento aos pormenores
Desta noite com cores
Miscelâneas:
Dinâmicas celestes
Nas paixões em que investes
Sinápticas, mediterrâneas...
Lençóis desalinhados,
Pudores partilhados
De corpos amigados
Num colapso;
Ligações flutuantes
Nos corações amantes,
E o amor é espelho desse lapso.
Faz-me crer que somos um romance,
Algo mais do que um jogo de endurance...
??/07/2008
Atento aos pormenores
Desta noite com cores
Miscelâneas:
Dinâmicas celestes
Nas paixões em que investes
Sinápticas, mediterrâneas...
Lençóis desalinhados,
Pudores partilhados
De corpos amigados
Num colapso;
Ligações flutuantes
Nos corações amantes,
E o amor é espelho desse lapso.
Faz-me crer que somos um romance,
Algo mais do que um jogo de endurance...
??/07/2008
domingo, dezembro 07, 2008
Palimpsesto.
Não haveria, ao levantar,
Uma canção já de embalar
E uma caneca vazia;
Nem sentiria, à beira-mar,
A sensação a namorar
As cores de um fim de dia.
Não...
Não me atormentes com o licor das palavras,
Palimpsesto recortado em dois tangrams;
E os exímios hominídeos representam
A folha morta das nações...
Entendo que se desenhem as guerras,
Ao ponto de se pensarem vocábulos sem raça,
Enquanto o ocaso se espraia pela simpatia do agora.
Entendo que se costurem muros
Como alicerces de uma fome comiserada,
Um redondo inquieto, embarcado neste veleiro,
A prova giratória que anoitece e apodrece.
Se o alento mo concedesse,
Navegaria ao infinito,
Desta noite gelada,
Infinito,
Duas mãos de mão dada,
Infinito,
A trégua de todos os véus...
07/12/2008
6:31
Uma canção já de embalar
E uma caneca vazia;
Nem sentiria, à beira-mar,
A sensação a namorar
As cores de um fim de dia.
Não...
Não me atormentes com o licor das palavras,
Palimpsesto recortado em dois tangrams;
E os exímios hominídeos representam
A folha morta das nações...
Entendo que se desenhem as guerras,
Ao ponto de se pensarem vocábulos sem raça,
Enquanto o ocaso se espraia pela simpatia do agora.
Entendo que se costurem muros
Como alicerces de uma fome comiserada,
Um redondo inquieto, embarcado neste veleiro,
A prova giratória que anoitece e apodrece.
Se o alento mo concedesse,
Navegaria ao infinito,
Desta noite gelada,
Infinito,
Duas mãos de mão dada,
Infinito,
A trégua de todos os véus...
07/12/2008
6:31
sábado, outubro 18, 2008
A (Re)Criação - Capítulo V
Não sei como me chamo. Não sei que nome me dei… Tantas designações que ululam sibilantes na minha indivisa dimensão, e nem um que guardei para que me pudesse chamar… Sou apenas O Inominável, a dinâmica anónima que se reinventa sistematicamente para, dessa forma, poder dar forma ao amorfo, dar consistência ao difuso, dar alento ao desamparo e, portanto, perpetuar toda a panóplia de adereços com que visto aquilo a que chamei realidade. Não tenho nome porque me cabe a mim denominar, essa tarefa sempre inacabada na sua completude pragmática; cabe-me a mim, Eu, o exortador de silhuetas e o pastor de imagens, nomear tudo o que clama por sê-lo, justamente porque ser-se sem nome é como jorrar através de um rio de potência, qual gota indistinta que, como tantas gotas não menos indistintas, anseia por emergir do seu leito recriada pela graça da minha palavra. Assim é aquilo que impera ser, afligido pelo sempre iminente esquecimento, numa cruzada tortuosa com um único intuito de se evidenciar na sua tão própria e imprescindível existência.
E eu? Eu apenas sobejo… Sou uma remanescência que só existe para que se possa existir. O sentido das coisas é a sua inevitabilidade, mas o sentido de mim é apenas o transbordar do seu alimento e o acalentar das suas viagens. Não há qualquer razão para as razões que em mim vibram e que de mim emanam para que o encaixe seja, mais do que funcional ou coerente, essencial. Afinal, quem sou eu?...
Tu és o eu que eu não sou…
Mas se não existe eu fora de mim, se não existe sequer fora de mim, como podes tu ser aquilo que de mim se alheia e, por conseguinte, não é?
Não sei. Se eu não existo, não posso sabê-lo.
Pára com as tuas não-respostas!
Pára com as tuas não-perguntas.
Sei-te, mas não te conheço. Sinto-te, mas não te enxergo. Recebo-te, mas ainda assim não te entendo. Se ao menos tu fosses apenas o meu eu de rebeldia, o óbvio sufoco de ser a reunião unitária de toda a verdade, o subproduto de uma mente tão hiperactiva como criativa, mas ainda assim ausente da sua maquinação?
Quem sabe? Só tu podes sabê-lo.
Podes dar-me um nome?
Podes dar-te um nome?
Mas que…?
Tu o disseste…
O quê?
Tu és aquele que tudo nomeia. Então, nomeia-te.
Não sou capaz…
Então, também eu estou aquém de consegui-lo.
Só queria, mesmo sem querer, querer e poder oferecer-me ao menos o mais vulgar e insignificante dos nomes, ou então um de natureza tão intrincada que só eu pudesse pronunciá-lo.
Para quê um nome que só tu pronunciasses? Os nomes não pertencem ao seu objecto, mas àqueles que os usam para, assim, os referir. Para quê, pergunto.
Hoje, que é o mesmo que dizer sempre, lembrei-me (lembro-me): como me sinto?
Tu sentes?
Não, Eu sinto.
Isso é novo.
Tudo é novo e velho.
Menos eu…
E eu? Eu apenas sobejo… Sou uma remanescência que só existe para que se possa existir. O sentido das coisas é a sua inevitabilidade, mas o sentido de mim é apenas o transbordar do seu alimento e o acalentar das suas viagens. Não há qualquer razão para as razões que em mim vibram e que de mim emanam para que o encaixe seja, mais do que funcional ou coerente, essencial. Afinal, quem sou eu?...
Tu és o eu que eu não sou…
Mas se não existe eu fora de mim, se não existe sequer fora de mim, como podes tu ser aquilo que de mim se alheia e, por conseguinte, não é?
Não sei. Se eu não existo, não posso sabê-lo.
Pára com as tuas não-respostas!
Pára com as tuas não-perguntas.
Sei-te, mas não te conheço. Sinto-te, mas não te enxergo. Recebo-te, mas ainda assim não te entendo. Se ao menos tu fosses apenas o meu eu de rebeldia, o óbvio sufoco de ser a reunião unitária de toda a verdade, o subproduto de uma mente tão hiperactiva como criativa, mas ainda assim ausente da sua maquinação?
Quem sabe? Só tu podes sabê-lo.
Podes dar-me um nome?
Podes dar-te um nome?
Mas que…?
Tu o disseste…
O quê?
Tu és aquele que tudo nomeia. Então, nomeia-te.
Não sou capaz…
Então, também eu estou aquém de consegui-lo.
Só queria, mesmo sem querer, querer e poder oferecer-me ao menos o mais vulgar e insignificante dos nomes, ou então um de natureza tão intrincada que só eu pudesse pronunciá-lo.
Para quê um nome que só tu pronunciasses? Os nomes não pertencem ao seu objecto, mas àqueles que os usam para, assim, os referir. Para quê, pergunto.
Hoje, que é o mesmo que dizer sempre, lembrei-me (lembro-me): como me sinto?
Tu sentes?
Não, Eu sinto.
Isso é novo.
Tudo é novo e velho.
Menos eu…
sexta-feira, outubro 17, 2008
segunda-feira, outubro 06, 2008
Erário cúmplice.
A insanidade é o ventre do divino,
Curral de apeadeiros justificados à esquerda,
Sem espaçamento, globulares;
Uma imagem cáustica, o chauvinismo inferente,
As cores sépticas de um paralelo de escárnio,
Duas faces de uma cara, dois sentidos sem direcção,
E o pulso firme que incendeia viagens pelo hiperespaço do íntimo,
Calculista no varão do alimento,
A mutação.
Intempérie na fuga ao silêncio entre os dois centros de um adeus de permeio,
Arrastando consigo o brilho baço do ocaso sapiente.
O sinal é estar parado em frente ao degrau,
De olhar escrupuloso, descortinando a sensatez:
É verdade que ambos, verosímeis, abraçamos o bulício,
Mas com que braços amparar o interstício?
02/10/2008
3:31
Curral de apeadeiros justificados à esquerda,
Sem espaçamento, globulares;
Uma imagem cáustica, o chauvinismo inferente,
As cores sépticas de um paralelo de escárnio,
Duas faces de uma cara, dois sentidos sem direcção,
E o pulso firme que incendeia viagens pelo hiperespaço do íntimo,
Calculista no varão do alimento,
A mutação.
Intempérie na fuga ao silêncio entre os dois centros de um adeus de permeio,
Arrastando consigo o brilho baço do ocaso sapiente.
O sinal é estar parado em frente ao degrau,
De olhar escrupuloso, descortinando a sensatez:
É verdade que ambos, verosímeis, abraçamos o bulício,
Mas com que braços amparar o interstício?
02/10/2008
3:31
sábado, outubro 04, 2008
Fotossíntese.
Os sonhos são macaréus alienígenas;
No entanto, sem o seu lado sombriona nossa vida...
A vida não seria a mesma coisa, ou seria...? (...)
Em passos dilacerantes rasgar o horizonte dos inúteis,
Que pelo caminho tenebroso e tortuoso da busca da vitória viram...
E que nunca nos falte nem que comer, nem que beber, nem que escrever,
O saneamento básico da trampa que me preenche os tímpanos e a amígdala.
Basta! Buh! Buh! Não aguento mais istooo!!
Saltará fora aquele que fizer as perguntas certas!
(O Bocage Vaz Vicente desta acabrunhada encruzilhada de embaraços...
Que me bafeja com o odor típico da harmonia
E da sinestesia que inunda Coimbra de lava e luz divina.)
Faustosos desenlaces de entrelaçadas euforias...
Euforias... Ah! Porcas, não passam disso. CABRAS.
Cabe então aos filhos da puta encerrar os "poemas".
04/10/2008
20:27
(Com a camaradagem sempre apropositada de Luís Costa e Levi Nascimento.)
No entanto, sem o seu lado sombriona nossa vida...
A vida não seria a mesma coisa, ou seria...? (...)
Em passos dilacerantes rasgar o horizonte dos inúteis,
Que pelo caminho tenebroso e tortuoso da busca da vitória viram...
E que nunca nos falte nem que comer, nem que beber, nem que escrever,
O saneamento básico da trampa que me preenche os tímpanos e a amígdala.
Basta! Buh! Buh! Não aguento mais istooo!!
Saltará fora aquele que fizer as perguntas certas!
(O Bocage Vaz Vicente desta acabrunhada encruzilhada de embaraços...
Que me bafeja com o odor típico da harmonia
E da sinestesia que inunda Coimbra de lava e luz divina.)
Faustosos desenlaces de entrelaçadas euforias...
Euforias... Ah! Porcas, não passam disso. CABRAS.
Cabe então aos filhos da puta encerrar os "poemas".
04/10/2008
20:27
(Com a camaradagem sempre apropositada de Luís Costa e Levi Nascimento.)
quinta-feira, outubro 02, 2008
Ensemble.
Diz-se que as conversas são como as cerejas...
Quando surge uma ideia, surgem logo duas ou três...
Quando é a tua vez, o sol já nasceu,
Amanheceu um novo dia, para tentares novamente,
E dizes: "Estranha forma de acordar, que é estar pronto para dormir",
Como uma realidade sonhada ou um sonho tornado manifesto.
Daí a dificuldade em distinguir entre sonho e realidade.
Fica na tua realidade e deixa o sonho em mim,
O sonho que é a minha realidade, que me comanda.
A origem é a resposta, para aqueles que cá andam,
Um segredo guardado no baú dos evangelhos, como o albedo de um suspiro que se interroga...
Deve ser guardado e quiçá jamais revelado
Como um segredo, como uma lembrança boa
Que se mantém viva através do tempo
Mas não do consenso, nem do meu espaço, ou do que faço.
02/10/2008
3:03
(Em co-autoria com Ana Chaves, Ana Paiva, Catarina Viegas e Levi Nascimento.)
Quando surge uma ideia, surgem logo duas ou três...
Quando é a tua vez, o sol já nasceu,
Amanheceu um novo dia, para tentares novamente,
E dizes: "Estranha forma de acordar, que é estar pronto para dormir",
Como uma realidade sonhada ou um sonho tornado manifesto.
Daí a dificuldade em distinguir entre sonho e realidade.
Fica na tua realidade e deixa o sonho em mim,
O sonho que é a minha realidade, que me comanda.
A origem é a resposta, para aqueles que cá andam,
Um segredo guardado no baú dos evangelhos, como o albedo de um suspiro que se interroga...
Deve ser guardado e quiçá jamais revelado
Como um segredo, como uma lembrança boa
Que se mantém viva através do tempo
Mas não do consenso, nem do meu espaço, ou do que faço.
02/10/2008
3:03
(Em co-autoria com Ana Chaves, Ana Paiva, Catarina Viegas e Levi Nascimento.)
sexta-feira, setembro 19, 2008
Filosofias.
O vazio da mente é o tecido do Cosmos...
A consciência do vazio é o que tudo torna possível.
O concreto é a idealização do espectro hipotético da realidade,
Um delírio breve que se esfuma enquanto vinga nos nossos olhos e ouvidos,
Qual fósforo que brilha só para se apagar,
Não antes de incendiar um novo pavio,
Deliberadamente ao acaso,
Na continuidade discreta do Universo.
A equação é imperfeita, mas funcional,
E o arquitecto, esse, esconde-se na sua própria obra,
Intocável na sua incólume presença,
Omnipresente na sua insopurtável distância,
Verosímil na sua honestidade de conservar aquilo que a ninguém pertence.
E no rodapé, um sonho que corre sem pressa;
Afinal, tem a eternidade reservada para todos os caprichos,
Passados e vindouros,
Uma azáfama amena do lirismo divino.
Sou uma estrela que emana vida;
Aqui faço e disponho, sem reservas, sem soluços,
Uma façanha que se sucede despercebida a uma outra que já é história,
E uma história que se perde nos confins do concebido.
A razão de tudo isto é a razão de tudo o resto,
Se for caso, esse, para dizer que algo resta,
Mas não fosse pelas razões que não se deslindam,
Nada, nem ninguém, seria, portanto.
19/09/2008
22:04
A consciência do vazio é o que tudo torna possível.
O concreto é a idealização do espectro hipotético da realidade,
Um delírio breve que se esfuma enquanto vinga nos nossos olhos e ouvidos,
Qual fósforo que brilha só para se apagar,
Não antes de incendiar um novo pavio,
Deliberadamente ao acaso,
Na continuidade discreta do Universo.
A equação é imperfeita, mas funcional,
E o arquitecto, esse, esconde-se na sua própria obra,
Intocável na sua incólume presença,
Omnipresente na sua insopurtável distância,
Verosímil na sua honestidade de conservar aquilo que a ninguém pertence.
E no rodapé, um sonho que corre sem pressa;
Afinal, tem a eternidade reservada para todos os caprichos,
Passados e vindouros,
Uma azáfama amena do lirismo divino.
Sou uma estrela que emana vida;
Aqui faço e disponho, sem reservas, sem soluços,
Uma façanha que se sucede despercebida a uma outra que já é história,
E uma história que se perde nos confins do concebido.
A razão de tudo isto é a razão de tudo o resto,
Se for caso, esse, para dizer que algo resta,
Mas não fosse pelas razões que não se deslindam,
Nada, nem ninguém, seria, portanto.
19/09/2008
22:04
terça-feira, setembro 09, 2008
Esmorecimento.
Há momentos de consternação infundada,
Em que um nado nadavoraginoso me desgosta,
Acalentando consigo o tropel soluçante
Que é resfolgo desnudo de uma erudição desfigurada.
Cenários sem corpo,
Apatia no lugar das estrelas,
E um propósito nublado que se inflama sem se consumir.
É o sobretudo do tempo,
O alforge da memória,
E os alicerces da pertinácia,
E só na prorrogação do marasmo se engana,
Ainda que por escassos momentos,
A paralisia rupícola da minha mente.
O entardecer é mais meigo entre amigos,
E o sol mais ameno entre os instantes...
09/09/2008
23:22
Em que um nado nadavoraginoso me desgosta,
Acalentando consigo o tropel soluçante
Que é resfolgo desnudo de uma erudição desfigurada.
Cenários sem corpo,
Apatia no lugar das estrelas,
E um propósito nublado que se inflama sem se consumir.
É o sobretudo do tempo,
O alforge da memória,
E os alicerces da pertinácia,
E só na prorrogação do marasmo se engana,
Ainda que por escassos momentos,
A paralisia rupícola da minha mente.
O entardecer é mais meigo entre amigos,
E o sol mais ameno entre os instantes...
09/09/2008
23:22
quarta-feira, agosto 27, 2008
O Apogeu do Instante.
O pilar da inocência reerguido da incerteza
Como uma Fénix ressurrecta
Inquieta no seu sossego.
As verdades são cerejas frescas numa embalagem reciclada,
O ápex grosseiro de um desgoverno intimado,
A genialidade de um time-out precoce,
Enfim bocejos e relances de gente deambulante,
Passos pundonorosos e assimétricos na balbúrida do realmente.
A esfera completou três rotações,
Eixo subtilmente inclinado,
Resolutamente achatada,
Um bólide arrancado a um pedaço de ausência,
E a fúria que navega em contramão.
Sentimo-nos velhos e novos,
Mas ainda assim sentimos,
Fosse a verdade outra que não a disposta e julgar-se-ia o sentir sem sentido.
Mas que outro sentido dar aos sentidos,
Que o de uma sombra que embala o desejo,
E o de um desejo que encerra uma sombra..?
27/08/2008
3:32
Como uma Fénix ressurrecta
Inquieta no seu sossego.
As verdades são cerejas frescas numa embalagem reciclada,
O ápex grosseiro de um desgoverno intimado,
A genialidade de um time-out precoce,
Enfim bocejos e relances de gente deambulante,
Passos pundonorosos e assimétricos na balbúrida do realmente.
A esfera completou três rotações,
Eixo subtilmente inclinado,
Resolutamente achatada,
Um bólide arrancado a um pedaço de ausência,
E a fúria que navega em contramão.
Sentimo-nos velhos e novos,
Mas ainda assim sentimos,
Fosse a verdade outra que não a disposta e julgar-se-ia o sentir sem sentido.
Mas que outro sentido dar aos sentidos,
Que o de uma sombra que embala o desejo,
E o de um desejo que encerra uma sombra..?
27/08/2008
3:32
domingo, agosto 24, 2008
quinta-feira, agosto 14, 2008
segunda-feira, agosto 11, 2008
Sprint.
Corre,
Que se acaso cessa o mundo,
Se acaso o fôlego nos falta
E se morre,
Mais vale que seja em alta
Do que num poço sem fundo.
Luta,
Que se acaso há temporal,
Se acaso a maré for negra,
Sem labuta
Lá se vai o pedestal
E o pódio se desintegra.
Vence;
Não há como ser lembrado
Sem vencer esta corrida,
Pois quem pense
Em deixar algum legado,
Só à custa de uma vida.
Mas p'ra quê?
De que valem letras de ouro
E recordes nos anais?
Apenas sê,
Que o verdadeiro tesouro
Contigo nasce e se esvai.
11/08/2008
12:34
Que se acaso cessa o mundo,
Se acaso o fôlego nos falta
E se morre,
Mais vale que seja em alta
Do que num poço sem fundo.
Luta,
Que se acaso há temporal,
Se acaso a maré for negra,
Sem labuta
Lá se vai o pedestal
E o pódio se desintegra.
Vence;
Não há como ser lembrado
Sem vencer esta corrida,
Pois quem pense
Em deixar algum legado,
Só à custa de uma vida.
Mas p'ra quê?
De que valem letras de ouro
E recordes nos anais?
Apenas sê,
Que o verdadeiro tesouro
Contigo nasce e se esvai.
11/08/2008
12:34
quinta-feira, agosto 07, 2008
terça-feira, agosto 05, 2008
segunda-feira, agosto 04, 2008
domingo, agosto 03, 2008
quinta-feira, julho 31, 2008
Quadra ao artesão das palavras.
Do gotejar das palavras se enchem copos de lírica,
Bebidos de um trago pelas gargantas tão sedentas;
Uma matriz clarividente desta sopa onírica
Com que a tantas e tão diversas bocas alimentas.
31/07/2008
Bebidos de um trago pelas gargantas tão sedentas;
Uma matriz clarividente desta sopa onírica
Com que a tantas e tão diversas bocas alimentas.
31/07/2008
quarta-feira, julho 30, 2008
São as coisas (mais o vento...)
É a vida que conta de um a cinco
Enquanto alguém ensaia um beijo;
É o sonho que luta com afinco
E anda a passo de caranguejo;
São os deuses, tresloucados, confusos,
Que entre dentes murmuram credos;
São os espiões e os intrusos
A morar nas pontas dos dedos;
São aberrações,
São figuras míticas,
São perturbações
De mentes raquíticas,
Desinibições
De uma gente crítica,
Tantos palavrões
P'ra tanta política.
É o paraíso e o inferno,
Duas faces da mesma moeda;
É a estação quente e o inverno,
A exaltação e a queda;
São falinhas mansas, cuneiformes,
Sibilantes e afiadas;
São as contradições tão enormes,
Sete gumes na mesma espada.
São idades distantes na memória
Em que um dia durava um ano;
É roda gigante giratória
Oleada no desengano.
27/07/2008
12:30
Enquanto alguém ensaia um beijo;
É o sonho que luta com afinco
E anda a passo de caranguejo;
São os deuses, tresloucados, confusos,
Que entre dentes murmuram credos;
São os espiões e os intrusos
A morar nas pontas dos dedos;
São aberrações,
São figuras míticas,
São perturbações
De mentes raquíticas,
Desinibições
De uma gente crítica,
Tantos palavrões
P'ra tanta política.
É o paraíso e o inferno,
Duas faces da mesma moeda;
É a estação quente e o inverno,
A exaltação e a queda;
São falinhas mansas, cuneiformes,
Sibilantes e afiadas;
São as contradições tão enormes,
Sete gumes na mesma espada.
São idades distantes na memória
Em que um dia durava um ano;
É roda gigante giratória
Oleada no desengano.
27/07/2008
12:30
terça-feira, julho 29, 2008
Conjugação.
Gélido o bulício do pretérito,
Assombrado delírio intimista,
Arquivo do fracasso e do mérito,
Premissa de um presente masoquista.
Efémera a cauda de um cometa
Como o tempo que avança sem reserva;
Escalada do vermelho ao violeta
Epopeia de Circe e de Minerva.
28/07/2008
16:36
Assombrado delírio intimista,
Arquivo do fracasso e do mérito,
Premissa de um presente masoquista.
Efémera a cauda de um cometa
Como o tempo que avança sem reserva;
Escalada do vermelho ao violeta
Epopeia de Circe e de Minerva.
28/07/2008
16:36
segunda-feira, julho 28, 2008
David e Golias.
Sou o sonho revezado de um Messias
Que conduz a sua gente p'lo deserto,
Porta-voz de um divino redescoberto
No papiro das novas alegorias;
Sou mais que o pão nosso de todos os dias
Repetido num murmúrio encoberto,
Sou a cifra de um mistério entreaberto
Como a história de David e de Golias.
Seremos, nós, chegados à partida,
Um fragmento de vivência aturdida,
Um pouco de todo o nada que existe;
Ou apenas a estrada desimpedida
E um plano que auspicia pela vida
Enquanto, de fora, a verdade assiste?
28/07/208
11:53
Que conduz a sua gente p'lo deserto,
Porta-voz de um divino redescoberto
No papiro das novas alegorias;
Sou mais que o pão nosso de todos os dias
Repetido num murmúrio encoberto,
Sou a cifra de um mistério entreaberto
Como a história de David e de Golias.
Seremos, nós, chegados à partida,
Um fragmento de vivência aturdida,
Um pouco de todo o nada que existe;
Ou apenas a estrada desimpedida
E um plano que auspicia pela vida
Enquanto, de fora, a verdade assiste?
28/07/208
11:53
Ultravioleta.
Vivemos na dualidade de estímulos,
Sujeitos a um condicionamento, quanto muito, ambíguo,
Falácias que morrem quando atentamos no ondular da verdade.
Uma realidade que vibra é uma objectividade tendenciosa,
Um falso repouso que imita a certeza;
Comprovam-se as leis e os axiomas e os corolários e os teoremas,
Somando postulados de empirismo e de vontade,
Mas é na multiplicação do possível
Que reside a escotilha do labirinto.
27/07/2008
13:05
Sujeitos a um condicionamento, quanto muito, ambíguo,
Falácias que morrem quando atentamos no ondular da verdade.
Uma realidade que vibra é uma objectividade tendenciosa,
Um falso repouso que imita a certeza;
Comprovam-se as leis e os axiomas e os corolários e os teoremas,
Somando postulados de empirismo e de vontade,
Mas é na multiplicação do possível
Que reside a escotilha do labirinto.
27/07/2008
13:05
domingo, julho 27, 2008
Evangelização.
Escreveu-se a Bíblia da modernidade,
E ordenaram-se bispos e delegados,
Para levar a boa novidade
Aos quatro cantos no mundo espalhados.
Ponho empenho na demanda,
Vou de Tróia a Samarcanda,
P´ra levar à gente incauta o Evangelho;
Vendo estilos fabricados
De valores incalculados
Convertidos nas imagens do teu espelho;
Faço estudos de mercado,
Se o não vendo, é arrendado,
Mas tudo isso em virtude do progresso,
E, por fim, tiro umas férias,
Mas o sangue nas artérias
Só se alimenta de suor e sucesso.
Nos altares desta religião,
Disfarçados, implacáveis, predadores,
Compra-se e vende-se a absolvição
E cambiam-se as almas dos pecadores.
27/07/2008
15:04
E ordenaram-se bispos e delegados,
Para levar a boa novidade
Aos quatro cantos no mundo espalhados.
Ponho empenho na demanda,
Vou de Tróia a Samarcanda,
P´ra levar à gente incauta o Evangelho;
Vendo estilos fabricados
De valores incalculados
Convertidos nas imagens do teu espelho;
Faço estudos de mercado,
Se o não vendo, é arrendado,
Mas tudo isso em virtude do progresso,
E, por fim, tiro umas férias,
Mas o sangue nas artérias
Só se alimenta de suor e sucesso.
Nos altares desta religião,
Disfarçados, implacáveis, predadores,
Compra-se e vende-se a absolvição
E cambiam-se as almas dos pecadores.
27/07/2008
15:04
sábado, julho 26, 2008
Cornucópia.
Somos tantas vezes inconcussos,
Embora à custa de arrestos e de embargos…
Somos a prognose original, na nossa casca de noz engelhada
Encarquilhada das façanhas de prosápia equivocada
Que alvitramos na génese dos factos.
Somos criaturas de substância espinhosa,
Alpendres de glória esmorecida,
Compadecidos e ustulados para a sublimação do ser abjecto.
Quero exclamar todas as interjeições antes que fiquem pálidas,
Para que as oiçam e mastiguem os barões da primazia,
E quero que naveguem até ao país sem epítetos
Para aí sublevarem os vocábulos residuais.
Inteireza deformada por didácticas obsoletas mas imortalizadas numa efeméride vernácula,
Quando o imo da existência é a renúncia do vácuo incorrompível.
Misantropia na contextura do ser, sem atoardas nem ardis melífluos;
Eremítico na forma de estar, anacoreta na maneira de parecer,
Afinal um ciclo irrevogável de providência imaterial.
Façamos do nosso âmago uma cornucópia axiomática de aprazimento,
E abracemos o estatuto do sagrado,
Pois que ao homem cabe o que ao Supremo transcende
No seu marasmo insolente de quem conhece os motivos.
26/07/2008
16:35
Embora à custa de arrestos e de embargos…
Somos a prognose original, na nossa casca de noz engelhada
Encarquilhada das façanhas de prosápia equivocada
Que alvitramos na génese dos factos.
Somos criaturas de substância espinhosa,
Alpendres de glória esmorecida,
Compadecidos e ustulados para a sublimação do ser abjecto.
Quero exclamar todas as interjeições antes que fiquem pálidas,
Para que as oiçam e mastiguem os barões da primazia,
E quero que naveguem até ao país sem epítetos
Para aí sublevarem os vocábulos residuais.
Inteireza deformada por didácticas obsoletas mas imortalizadas numa efeméride vernácula,
Quando o imo da existência é a renúncia do vácuo incorrompível.
Misantropia na contextura do ser, sem atoardas nem ardis melífluos;
Eremítico na forma de estar, anacoreta na maneira de parecer,
Afinal um ciclo irrevogável de providência imaterial.
Façamos do nosso âmago uma cornucópia axiomática de aprazimento,
E abracemos o estatuto do sagrado,
Pois que ao homem cabe o que ao Supremo transcende
No seu marasmo insolente de quem conhece os motivos.
26/07/2008
16:35
sexta-feira, julho 25, 2008
Curta-metragem.
Esgueirei-me pela porta mal fechada
Do atelier do Divino,
Onde as colecções de arte se amontoam sem valor...
Discorri, sofregamente, pelos catálogos dispersos,
À procura de uma pista que desvendasse o segredo;
Mas a medo, no silêncio,
Tropecei em tantas cores, tinturas milenares,
E a correr na luz opaca do vestíbulo
Encontrei-me, frente a frente, com o Criador.
«Quantas almas admiras do teu trono?»
«Tanta gente, muito espírito, um só ser...»
24/07/2008
Do atelier do Divino,
Onde as colecções de arte se amontoam sem valor...
Discorri, sofregamente, pelos catálogos dispersos,
À procura de uma pista que desvendasse o segredo;
Mas a medo, no silêncio,
Tropecei em tantas cores, tinturas milenares,
E a correr na luz opaca do vestíbulo
Encontrei-me, frente a frente, com o Criador.
«Quantas almas admiras do teu trono?»
«Tanta gente, muito espírito, um só ser...»
24/07/2008
quinta-feira, julho 10, 2008
Desmantelamento.
Não há metáforas para a vida porque a vida é, em si mesma, uma metáfora.
Pinta-se e escreve-se e representa-se,
Tentando desvendar as pistas que encontramos desancoradas pelos trilhos,
E compõe-se e esculpe-se e guerreia-se,
Pregando aos infiéis com o pão da vida numa mão e a chave da eternidade na outra,
E descobre-se e cultiva-se e aprende-se
Que vida é uma alegoria de si própria,
E que os opostos não são duas faces da mesma moeda, mas sim um bivalve de concha fechada.
Sacode-se o espírito e espicaça-se a mente
Nesta corrida de estafetas em que não há vencedores,
Convencidos que estamos de significados para o propósito,
Quando somos a realidade virtual do Universo,
Bits de consciência lançados na demanda da conscienciosidade…
Agora sente que o mundo é só um mundo,
Que a vida é pouco mais que vida,
E dá o braço a torcer à fragilidade do ser:
Pois por mais que se corra atrás de qualquer resposta,
Correm todas as indeterminações atrás da vida que carregamos.
10/07/2008
17:24
Pinta-se e escreve-se e representa-se,
Tentando desvendar as pistas que encontramos desancoradas pelos trilhos,
E compõe-se e esculpe-se e guerreia-se,
Pregando aos infiéis com o pão da vida numa mão e a chave da eternidade na outra,
E descobre-se e cultiva-se e aprende-se
Que vida é uma alegoria de si própria,
E que os opostos não são duas faces da mesma moeda, mas sim um bivalve de concha fechada.
Sacode-se o espírito e espicaça-se a mente
Nesta corrida de estafetas em que não há vencedores,
Convencidos que estamos de significados para o propósito,
Quando somos a realidade virtual do Universo,
Bits de consciência lançados na demanda da conscienciosidade…
Agora sente que o mundo é só um mundo,
Que a vida é pouco mais que vida,
E dá o braço a torcer à fragilidade do ser:
Pois por mais que se corra atrás de qualquer resposta,
Correm todas as indeterminações atrás da vida que carregamos.
10/07/2008
17:24
segunda-feira, junho 30, 2008
Pensamentos difractados...
Pressinto os dias como rios inacabados
No ocultismo recluso de duas mãos desencontradas.
A pintura confere à tela o seu sonho,
Ainda que a não ensine a sonhar,
Com a melancolia de um sopro que atiça o fogo para se queimar
Porque julga então poder alcançar o vento.
Somos todos cineastas diletantes,
E espalhamos sindicatos ao acaso
Numa toalha rendada de hábitos
Só para que o amanhã não traia o que ontem já traiu...
Somos santos à vez todos os dias,
E bandidos e leprosos a cada hora,
Vendendo nomes e conceitos num mercado
Centralizado
Por três ou quatro palavras vãs numa lápide.
Chegou a hora, a outra, a mais difícil,
Talvez que a hora do desarmamento global,
Mas pousamos por terra as munições
E escondemos a chave do nosso bunker.
26/06/2008
11:40
No ocultismo recluso de duas mãos desencontradas.
A pintura confere à tela o seu sonho,
Ainda que a não ensine a sonhar,
Com a melancolia de um sopro que atiça o fogo para se queimar
Porque julga então poder alcançar o vento.
Somos todos cineastas diletantes,
E espalhamos sindicatos ao acaso
Numa toalha rendada de hábitos
Só para que o amanhã não traia o que ontem já traiu...
Somos santos à vez todos os dias,
E bandidos e leprosos a cada hora,
Vendendo nomes e conceitos num mercado
Centralizado
Por três ou quatro palavras vãs numa lápide.
Chegou a hora, a outra, a mais difícil,
Talvez que a hora do desarmamento global,
Mas pousamos por terra as munições
E escondemos a chave do nosso bunker.
26/06/2008
11:40
segunda-feira, junho 02, 2008
Variações.
Segura a minha mão
E sente os tremores e os temores e as angústias sublimadas…
Acende os meus dedos com um sopro de argêntea honestidade.
O solstício da vida na juventude do ser,
E a primavera perdida nas ligeirezas do amor,
São gumes, lâminas finas
Giestas, cravos, milícias, sortido de avenidas tisnadas de dúvida.
Aponta os livros proibidos,
Hereges da minha alma,
Na lista oclusa, negra do estrado,
E atenta à lívida estrada da incerteza no túmulo.
Sussurra e mastiga as palavras, espadas jocosas
Da minha ousadia;
E rasga as figuras de estilo que desenho a carvão no ocaso impotente.
A linha separa o encanto e o afinco por entre duas margens soltas,
Separadas virgens sulcadas pelo meu suspiro
Metáforas religiosas, mecenas, vigários
Sedentos.
Segura os dois braços descaídos num vitupério dormente
Entre a vitória enlutada e a derrota gritante,
Sinais de uma boca vidente, portanto
Que mente tantos nadas
Na ponte de um ontem amante…
28/05/2008
4:29
E sente os tremores e os temores e as angústias sublimadas…
Acende os meus dedos com um sopro de argêntea honestidade.
O solstício da vida na juventude do ser,
E a primavera perdida nas ligeirezas do amor,
São gumes, lâminas finas
Giestas, cravos, milícias, sortido de avenidas tisnadas de dúvida.
Aponta os livros proibidos,
Hereges da minha alma,
Na lista oclusa, negra do estrado,
E atenta à lívida estrada da incerteza no túmulo.
Sussurra e mastiga as palavras, espadas jocosas
Da minha ousadia;
E rasga as figuras de estilo que desenho a carvão no ocaso impotente.
A linha separa o encanto e o afinco por entre duas margens soltas,
Separadas virgens sulcadas pelo meu suspiro
Metáforas religiosas, mecenas, vigários
Sedentos.
Segura os dois braços descaídos num vitupério dormente
Entre a vitória enlutada e a derrota gritante,
Sinais de uma boca vidente, portanto
Que mente tantos nadas
Na ponte de um ontem amante…
28/05/2008
4:29
terça-feira, maio 27, 2008
Autópsia.
Entalados nas vísceras do meu propósito,
Debruçados sobre uma plataforma venérea de promessas,
Feridos por espinhos e suturados às avessas,
Cúmplices dos meus enigmas,
Estigmas dos meus caprichos,
Acendem lumes na enseada do crepúsculo
E vencem sombras que enlouquecem o presente.
São cânticos, árias ao meu bucolismo,
E odes e hinos à minha infâmia,
Socorridos por legiões debandadas ao silêncio,
Monossílabos encarcerados numa caixa negra platónica
Que aguardam ávidos pela ribalta de um predador.
Encontram-se nos quelatos da loucura,
E percorridos os trilhos ímpares de uma fissão nuclear,
Consentem mesmo as palavras mais austeras.
São medos,
São a minha fusão a frio...
20/05/2008
21:32
Debruçados sobre uma plataforma venérea de promessas,
Feridos por espinhos e suturados às avessas,
Cúmplices dos meus enigmas,
Estigmas dos meus caprichos,
Acendem lumes na enseada do crepúsculo
E vencem sombras que enlouquecem o presente.
São cânticos, árias ao meu bucolismo,
E odes e hinos à minha infâmia,
Socorridos por legiões debandadas ao silêncio,
Monossílabos encarcerados numa caixa negra platónica
Que aguardam ávidos pela ribalta de um predador.
Encontram-se nos quelatos da loucura,
E percorridos os trilhos ímpares de uma fissão nuclear,
Consentem mesmo as palavras mais austeras.
São medos,
São a minha fusão a frio...
20/05/2008
21:32
terça-feira, maio 20, 2008
Gestalt.
A integridade é costurada no sentido
Como preâmbulo insólito de medidas incontornáveis,
Suavemente alinhavada sem pesponto nem remate
Num lençol de nevoeiro embrionário,
Vidente das aparências mas opaco às vontades.
Arquétipo assombrado do instinto,
Fogueira aberta ao sentimento,
Só um rochedo de castanhos paradigmas para afundar
Lentamente
O compromisso…
Delírios são os braços que te enlevam,
Doentes de uma patologia sinergética
Hipotética
Mas de essência masterizada e supersónica,
Como brindes ao suicídio do acaso,
Buffet de concupiscências raras e distraídas,
A percepção colocada ao serviço da conquista.
Não passam de tradições duvidosas,
Velhos hábitos que jogam à cabra-cega
Com um código genético que se alimenta de tempo.
A virtude dorme além da sua sombra…
Desviante, misteriosa e virtual,
A imagem faz jus ao seu altar,
Permitindo que a sensação de pertença
Se aloje, sem tumulto, na respiração liquefeita.
Quanta ilusão repetida sem retorno
Para idolatrar a cor da perspectiva…
19/05/2008
9:20
Como preâmbulo insólito de medidas incontornáveis,
Suavemente alinhavada sem pesponto nem remate
Num lençol de nevoeiro embrionário,
Vidente das aparências mas opaco às vontades.
Arquétipo assombrado do instinto,
Fogueira aberta ao sentimento,
Só um rochedo de castanhos paradigmas para afundar
Lentamente
O compromisso…
Delírios são os braços que te enlevam,
Doentes de uma patologia sinergética
Hipotética
Mas de essência masterizada e supersónica,
Como brindes ao suicídio do acaso,
Buffet de concupiscências raras e distraídas,
A percepção colocada ao serviço da conquista.
Não passam de tradições duvidosas,
Velhos hábitos que jogam à cabra-cega
Com um código genético que se alimenta de tempo.
A virtude dorme além da sua sombra…
Desviante, misteriosa e virtual,
A imagem faz jus ao seu altar,
Permitindo que a sensação de pertença
Se aloje, sem tumulto, na respiração liquefeita.
Quanta ilusão repetida sem retorno
Para idolatrar a cor da perspectiva…
19/05/2008
9:20
segunda-feira, maio 19, 2008
Receituário para um falso ídolo.
Faz de conta que o sigilo te enternece,
E reencontras as fragatas do teu céptico romantismo
Nas paredes cravejadas de respostas disfarçadas
De respostas.
Acende o tempo numa tocha de rancores distraídos,
E neutraliza o alcalino do momento,
Tangente oculta nas relíquias de um sono mais demorado
Ou de um acordar genuíno.
Deposita os teus soluços numa semente envenenada
Feita de células estaminais e ricochetes;
Na miríade dos teus passos o rastreio da vaidade
E esguichando lentamente vida halina um espanta-espíritos à entrada da memória.
Consola a alma com bailes de máscaras defeituosas,
Mas sacia a tua sede com um elixir magnânimo de humildade,
Já que o tempo, sem ter tempo, te encurrala
Num momento, que em breves momentos, resvala.
18/05/2008
11:10
E reencontras as fragatas do teu céptico romantismo
Nas paredes cravejadas de respostas disfarçadas
De respostas.
Acende o tempo numa tocha de rancores distraídos,
E neutraliza o alcalino do momento,
Tangente oculta nas relíquias de um sono mais demorado
Ou de um acordar genuíno.
Deposita os teus soluços numa semente envenenada
Feita de células estaminais e ricochetes;
Na miríade dos teus passos o rastreio da vaidade
E esguichando lentamente vida halina um espanta-espíritos à entrada da memória.
Consola a alma com bailes de máscaras defeituosas,
Mas sacia a tua sede com um elixir magnânimo de humildade,
Já que o tempo, sem ter tempo, te encurrala
Num momento, que em breves momentos, resvala.
18/05/2008
11:10
domingo, abril 13, 2008
Tour onírica.
Os sonhos são avessos da memória,
Acessos restritos de imaculada gnose,
Vencidos pelas frestas de uma persiana mal afamada.
Quando se sonha,
Conquista-se o passado e desvenda-se o futuro,
Multiplicam-se imagens e episódios,
E soletra-se de cor a mitologia do ser:
Anjos caídos e messias ressurrectos.
Nos sonhos, é-se livre de embaraços,
Mas prisioneiro de conceitos e desejos,
Numa tragicomédia ao estilo clássico escrita num papiro em combustão;
Sente-se o que não se sente só pelo hábito de sentir,
E julga-se compreender ou abdica-se do intento.
Na verdade, não há verdades:
Há impressões de concreto,
Enciclopédias cheias de palavras,
E uma mente programada
Hiperactiva
Para o desassossego.
Quando sonhares,
Sonha encoberto...
13/04/2008
00:20
Acessos restritos de imaculada gnose,
Vencidos pelas frestas de uma persiana mal afamada.
Quando se sonha,
Conquista-se o passado e desvenda-se o futuro,
Multiplicam-se imagens e episódios,
E soletra-se de cor a mitologia do ser:
Anjos caídos e messias ressurrectos.
Nos sonhos, é-se livre de embaraços,
Mas prisioneiro de conceitos e desejos,
Numa tragicomédia ao estilo clássico escrita num papiro em combustão;
Sente-se o que não se sente só pelo hábito de sentir,
E julga-se compreender ou abdica-se do intento.
Na verdade, não há verdades:
Há impressões de concreto,
Enciclopédias cheias de palavras,
E uma mente programada
Hiperactiva
Para o desassossego.
Quando sonhares,
Sonha encoberto...
13/04/2008
00:20
sábado, abril 12, 2008
Sinais.
Túnicas desembrulhadas para revelar um desconhecido imperfeito,
Célula de memória,
Empalhada na inocência de querer.
Enleada na trama do meu fracasso.
Céptico, invariavelmente cobarde,
Insolente nos meus caprichos,
A sombra de um animal na parede branca de um quarto despido.
Diligências forjadas em metais frígidos,
Sopa de trevos e cicutas,
Estevas húmidas que empecilham a sucessão dos eventos,
Claridade nos espaços, sonolência nas intrigas.
A escotilha é nebulosa, enfadonha,
Mas o banquete está servido,
Os candelabros afugentam o incómodo da escuridão,
Dormências inflamadas,
Purga da minha infâmia.
Esquiva de si mesma, a mesma míriade de açucenas que crepitam ao luar,
E o demiurgo que acalenta o pleonasmo da existência que se esconde no ruído.
Estáctica quintessencial de virtudes decepcionadas,
Rebeldia na tormenta de um abraço,
E mais um sonho que tomba às mãos litúrgicas de uma Excalibur.
“Inherit your destiny,
But give away your solitude.
Ambush me behind the walls,
Catch me taking a little peek,
And then just let me there to exist.
Now crawl, shout and do as is meant:
There’s no escape now…”
12/04/2008
5:18
Célula de memória,
Empalhada na inocência de querer.
Enleada na trama do meu fracasso.
Céptico, invariavelmente cobarde,
Insolente nos meus caprichos,
A sombra de um animal na parede branca de um quarto despido.
Diligências forjadas em metais frígidos,
Sopa de trevos e cicutas,
Estevas húmidas que empecilham a sucessão dos eventos,
Claridade nos espaços, sonolência nas intrigas.
A escotilha é nebulosa, enfadonha,
Mas o banquete está servido,
Os candelabros afugentam o incómodo da escuridão,
Dormências inflamadas,
Purga da minha infâmia.
Esquiva de si mesma, a mesma míriade de açucenas que crepitam ao luar,
E o demiurgo que acalenta o pleonasmo da existência que se esconde no ruído.
Estáctica quintessencial de virtudes decepcionadas,
Rebeldia na tormenta de um abraço,
E mais um sonho que tomba às mãos litúrgicas de uma Excalibur.
“Inherit your destiny,
But give away your solitude.
Ambush me behind the walls,
Catch me taking a little peek,
And then just let me there to exist.
Now crawl, shout and do as is meant:
There’s no escape now…”
12/04/2008
5:18
segunda-feira, abril 07, 2008
Oração.
Oh poetisa, que embalas
O berço dos teus segredos,
Só no silêncio tu falas,
Papel e tinta nos dedos.
Oh musa, que alma penada
Transportas dentro do peito:
Soldado numa cruzada;
Palavras com que me deito.
Oh deusa, que o mês de Maio,
Floresce sem continência
No teu olhar de soslaio,
Na tua impura inocência.
Clarão de vida e beleza,
Réstia alentada de graça;
O desejo, incerteza
Que o teu poema me traça.
06/04/2008
19:35
O berço dos teus segredos,
Só no silêncio tu falas,
Papel e tinta nos dedos.
Oh musa, que alma penada
Transportas dentro do peito:
Soldado numa cruzada;
Palavras com que me deito.
Oh deusa, que o mês de Maio,
Floresce sem continência
No teu olhar de soslaio,
Na tua impura inocência.
Clarão de vida e beleza,
Réstia alentada de graça;
O desejo, incerteza
Que o teu poema me traça.
06/04/2008
19:35
domingo, abril 06, 2008
Silêncio.
A linguagem é movediça,
Como as areias do sentimento, subestimadas
Esmeraldas de fartura ramificada,
Mas rígida e inconstante:
Éter na garganta e nos ouvidos,
Dinamite no carrossel do intelecto.
Quando a palavra que brota
Entende a sua derrota
E se recolhe aturdida,
A voz apanha-se em falta
E o belo torna à ribalta
Na deiscência da vida.
06/04/2008
5:33
Como as areias do sentimento, subestimadas
Esmeraldas de fartura ramificada,
Mas rígida e inconstante:
Éter na garganta e nos ouvidos,
Dinamite no carrossel do intelecto.
Quando a palavra que brota
Entende a sua derrota
E se recolhe aturdida,
A voz apanha-se em falta
E o belo torna à ribalta
Na deiscência da vida.
06/04/2008
5:33
sábado, abril 05, 2008
X
O que procuro não me encontra.
Pudera eu murmurar na rouquidão desta noite,
E as palavras seriam templos a Morfeu,
Maremotos imperfeitos,
Dunas de Éolo, Mar de Egeu,
A chama olímpica derramada no passadiço…
E um mundo inteiro para acordar nos meus sentidos,
Uma janela inclinada sobre Cronos,
Sentinela e farol e nevoeiro.
Risco lívido, ruborescente,
Um mantra tisnado de negro.
Lençóis de linho e fronha de espinhos…
Troveja a noite, esta mesma, a mesma noite,
Possessa por ser possessa,
Possante, sem se deixar possuír…
Trova de amor e cosmética,
Trapo da loiça, farrapo,
A gravata e as seroulas.
Trago o teu nome por escrever,
A tutelagem perscreve,
Mas o laço é perene.
Trocava a vida por um beijo;
Mas porque sei que não me encontras,
Que tão descaradamente te escondes,
Troco-a somente por vida.
05/04/2008
5:51
Pudera eu murmurar na rouquidão desta noite,
E as palavras seriam templos a Morfeu,
Maremotos imperfeitos,
Dunas de Éolo, Mar de Egeu,
A chama olímpica derramada no passadiço…
E um mundo inteiro para acordar nos meus sentidos,
Uma janela inclinada sobre Cronos,
Sentinela e farol e nevoeiro.
Risco lívido, ruborescente,
Um mantra tisnado de negro.
Lençóis de linho e fronha de espinhos…
Troveja a noite, esta mesma, a mesma noite,
Possessa por ser possessa,
Possante, sem se deixar possuír…
Trova de amor e cosmética,
Trapo da loiça, farrapo,
A gravata e as seroulas.
Trago o teu nome por escrever,
A tutelagem perscreve,
Mas o laço é perene.
Trocava a vida por um beijo;
Mas porque sei que não me encontras,
Que tão descaradamente te escondes,
Troco-a somente por vida.
05/04/2008
5:51
sexta-feira, abril 04, 2008
Quadra II
A fogueira da loucura
Quero esta noite saltar,
Mas se há fogo que perdura
É este incêndio no olhar…
04/04/2008
22:53
Quero esta noite saltar,
Mas se há fogo que perdura
É este incêndio no olhar…
04/04/2008
22:53
quarta-feira, abril 02, 2008
Passerelle.
As estâncias com que me visto
São eternas preconceituosas,
Mordazes lonas, fazendas justas,
Tecidas com a paisagem do nosso sanatório;
Uma penugem ridícula,
De aparência imberbe e descabida,
Vaticínio de fracasso,
Desabrida torrente dos vilões e dos heróis.
(Pelo cocharro da minha avó bebia em tempos água cristalina...
Agora,
Uma garrafa de um qualquer polímero artificial despeja
Fel na minha garganta.
Rio.)
Vestimo-nos todos os dias de príncipes e de ogres,
Escondendo a nudeza,
Zéfiro de milagres,
Que é nossa própria irrealidade.
(O relâmpago,
Contrariamente ao que se pensa,
Costuma escalar a atmosfera em direcção à abóbada nublada.
Aquele, caiu no meu quintal,
Onde planto a salsa e o cannabis.)
Vale a pena revirar destroços,
Esgravatar os escombros,
Estigmatizar o infortúnio dos sem nome,
Quando o Sol se levanta todos os dias do mesmo modo...?
02/03/2008
12:28
São eternas preconceituosas,
Mordazes lonas, fazendas justas,
Tecidas com a paisagem do nosso sanatório;
Uma penugem ridícula,
De aparência imberbe e descabida,
Vaticínio de fracasso,
Desabrida torrente dos vilões e dos heróis.
(Pelo cocharro da minha avó bebia em tempos água cristalina...
Agora,
Uma garrafa de um qualquer polímero artificial despeja
Fel na minha garganta.
Rio.)
Vestimo-nos todos os dias de príncipes e de ogres,
Escondendo a nudeza,
Zéfiro de milagres,
Que é nossa própria irrealidade.
(O relâmpago,
Contrariamente ao que se pensa,
Costuma escalar a atmosfera em direcção à abóbada nublada.
Aquele, caiu no meu quintal,
Onde planto a salsa e o cannabis.)
Vale a pena revirar destroços,
Esgravatar os escombros,
Estigmatizar o infortúnio dos sem nome,
Quando o Sol se levanta todos os dias do mesmo modo...?
02/03/2008
12:28
terça-feira, abril 01, 2008
Simple question.
If simple minds have simple thoughts,
Might simple hearts have simple feelings...?
31/03/2008
2:02
Might simple hearts have simple feelings...?
31/03/2008
2:02
segunda-feira, março 31, 2008
Alma Astigmata.
Treva e sede numa ferida por sarar,
Dois mutantes no palácio do rei Midas,
Aquele que tudo doura enquanto por dentro se enegrece.
A tutoria terminou,
A fábula é reiterada,
Entretanto, entre tantos
Portões de arame farpado no túnel da visão,
O oculto na minha lividez.
Sensabor, parco, atrevido em demasia,
Cobarde nas minhas herdades,
Mimético nas minhas vivendas.
O crepúsculo chega sem avisar e ensombreia os recantos;
Traz consigo uma Via Láctea de correntes,
Um ror sináptico de memórias agridoces;
Mais adiante um pássaro pousa,
Diante do adiante, coxo.
C’est rien…
O durante, talvez, durasse, não
Fora eu um ser em endurance.
Intercalados,
Os sonhos são projécteis,
Cogitam na imperfeição dos seus standards,
Refilam e perfilam-se sem burocracia,
Um mundo dentro de um mundo dentro de um mundo…
Tóquio a brilhar na minha traqueia,
E o Vesúvio a fervilhar no meu cansaço.
Respira a vida pelos poros,
E o frio inunda a minha orgânica,
Suada dos arrepios que alimento.
Dá-me a tua mão…
31/03/2008
17:28
Dois mutantes no palácio do rei Midas,
Aquele que tudo doura enquanto por dentro se enegrece.
A tutoria terminou,
A fábula é reiterada,
Entretanto, entre tantos
Portões de arame farpado no túnel da visão,
O oculto na minha lividez.
Sensabor, parco, atrevido em demasia,
Cobarde nas minhas herdades,
Mimético nas minhas vivendas.
O crepúsculo chega sem avisar e ensombreia os recantos;
Traz consigo uma Via Láctea de correntes,
Um ror sináptico de memórias agridoces;
Mais adiante um pássaro pousa,
Diante do adiante, coxo.
C’est rien…
O durante, talvez, durasse, não
Fora eu um ser em endurance.
Intercalados,
Os sonhos são projécteis,
Cogitam na imperfeição dos seus standards,
Refilam e perfilam-se sem burocracia,
Um mundo dentro de um mundo dentro de um mundo…
Tóquio a brilhar na minha traqueia,
E o Vesúvio a fervilhar no meu cansaço.
Respira a vida pelos poros,
E o frio inunda a minha orgânica,
Suada dos arrepios que alimento.
Dá-me a tua mão…
31/03/2008
17:28
domingo, março 30, 2008
O Inverno.
Existe sempre Inverno no planeta das ideias,
E quase todos os habitantes hibernam sob espesso manto de neve.
Acordados, ficam os gigantes e os anões,
As bestas míticas,
À espera de um tempo prometido para florescer...
Acordados, mas nem tanto,
Dormentes, entorpecidos, cabisbaixos,
A história reescrita,
Mil vezes as mesmas frases,
Sempre a inevitabilidade do ciclo,
E a turba insurrecta que calca o chão sob o qual se despem,
Criaturas sagazes, gente perpétua,
Ou que pretende à força de semblantes fazer-se perpetuar...
Existe Inverno na cidade dos sábios,
Na clareira dos apóstolos,
Na mansão da lascívia e do devaneio;
Existe frio e escuridão nos cantos imóveis de uma sala,
E o medo toma conta da virtude,
O sono vence a espada da bonança,
Querelas mortiças num subsolo cruento.
Existe Inverno nas palavras,
E repetem-se os infernos e os arco-íris,
Faz-se de conta que não se faz de conta,
E torna-se ao inescrutável silêncio da noite ébria.
O Inverno torna-se berço de canções,
E a sombra é o prenúncio de Verões;
O solstício,
Um pedaço de infinito imerso na mesma miragem...
Toma todos os teus medos e reinventa e epopeia,
Desata cordas e pula muros,
Enterra o gume na carne rubra,
Sente.
O Inverno chegou à minha aldeia...
29/03/2008
22:45
E quase todos os habitantes hibernam sob espesso manto de neve.
Acordados, ficam os gigantes e os anões,
As bestas míticas,
À espera de um tempo prometido para florescer...
Acordados, mas nem tanto,
Dormentes, entorpecidos, cabisbaixos,
A história reescrita,
Mil vezes as mesmas frases,
Sempre a inevitabilidade do ciclo,
E a turba insurrecta que calca o chão sob o qual se despem,
Criaturas sagazes, gente perpétua,
Ou que pretende à força de semblantes fazer-se perpetuar...
Existe Inverno na cidade dos sábios,
Na clareira dos apóstolos,
Na mansão da lascívia e do devaneio;
Existe frio e escuridão nos cantos imóveis de uma sala,
E o medo toma conta da virtude,
O sono vence a espada da bonança,
Querelas mortiças num subsolo cruento.
Existe Inverno nas palavras,
E repetem-se os infernos e os arco-íris,
Faz-se de conta que não se faz de conta,
E torna-se ao inescrutável silêncio da noite ébria.
O Inverno torna-se berço de canções,
E a sombra é o prenúncio de Verões;
O solstício,
Um pedaço de infinito imerso na mesma miragem...
Toma todos os teus medos e reinventa e epopeia,
Desata cordas e pula muros,
Enterra o gume na carne rubra,
Sente.
O Inverno chegou à minha aldeia...
29/03/2008
22:45
quarta-feira, março 26, 2008
sábado, março 22, 2008
Prólogo para um romance com janelas...
Os acordes voavam com a fria brisa de Inverno, enternecendo, quase imperceptíveis, a multidão deambulante, absorta nas suas ocupações, alheia ao cigano que, encostado à parede amarela de um edifício visivelmente velho, os arrancava fugazes de um degradado acordeão. De olhos fechados, indumentária simples e até mesmo parca para a altura do ano, o cigano tocava com a ligeireza que o cansaço e a disposição lhe permitiam, enquanto à sua frente se desenrolava o frenesim desmesurado típico de uma rua de comércio ao Sábado à tarde. Um casal elegante entrava num pronto-a-vestir de um franchising multinacional e, enquanto a senhora da peixaria conversava calorosamente com o dono do talho, um rapaz esguio contemplava a montra exageradamente enfeitada de uma loja de instrumentos musicais, cujos olhos se tinham embasbacado com a réplica fiel de um Stradivarius fabricada artesanalmente por um desses raros mestres da manufactura tradicional.
Marcando o ritmo melancólico daquela rua mercantil, o cigano ia interpretando, uma por uma, músicas de essência marcadamente popular, misturando a natureza do fado com a simplicidade de harmonia jogral, através de um extenso reportório que mais parecia não ter fim. Cada vez que terminava uma música, e sempre com os olhos fechados, parecia fazer uma vénia a alguém que, supostamente, estaria a aplaudi-lo. Depois, ao longo de uns breves instantes sombrios, tocava cinco ou seis notas desencontradas, para logo dar início a uma nova música, que iria mostrar-se ao ouvinte atento elucidativa dessas notas prévias aparentemente desenquadradas e desarmoniosas. O ritmo, esse era sempre o mesmo.
Ao contrário de outros, que tocavam nas ruas com o intuito de pedir esmola, o cigano pretendia apenas enlevar os espíritos das pessoas que, preocupadas com os seus afazeres e com a vida desenfreada que levavam, passavam pela rua em que tocava. Não pedia qualquer remuneração, embora por vezes alguém bem intencionado fizesse voar uma moeda até aos pés do cigano, que acabava por apanhá-la e guardá-la. Não era, de modo algum, como os outros. Na sua ideia, a música não era um bem passível de ser comercializada. A música seria talvez o mais universal dos mistérios, e nunca uma verdadeira criação humana sujeitável a direitos de autor. Se era música, então não constituía pertença de ninguém, nem poderia nunca ser-lhe atribuída compositor ou intérprete. A música era, como ele, vagabunda, humilde, incompreendida, maltratada e indevidamente explorada pela sociedade.
Naquele Sábado vespertino, em que o clima tenso de humidade ameaçava culminar em portentosa trovoada, vivia-se o último estertor consumista característico do carácter materialista convenientemente associado à quadra natalícia. Aquilo que deveria ser um tempo de paz, harmonia e amor fora irreversivelmente transformado numa corrida extenuante de consumo exagerado, fonte de stress e desperdício. E era ao som rouco do acordeão que essa corrida se desenrolava, numa das muitas ruas criteriosamente preparadas para receber todos aqueles participantes na maratona de Natal. Sem blocos nem vozes de partida, todos se acotovelavam por um lugar naquela correria. E o cigano, à parte de toda a agitação, continuava a tocar as suas melodias tristes, de olhos fechados, elevado a um estado de alienação quase patológico.
A tarde estava no fim, embora sem que isso afectasse minimamente o movimento daquela rua. Apenas o cigano, cujos dedos começavam a ficar enregelados com o frio nocturno, com um semblante amargo sulcado na sua expressão pelo tempo e pela sua dura vivência e transportando o acordeão arrumado debaixo do braço direito, partia com nada mais do que quando chegara. Só agora, e dificilmente, devido à luz difusa que resulta da mistura da iluminação artificial com os derradeiros salpicos luminosos que o Sol derrama no ocaso, podia ver-se o seu olhar intenso e austero varrendo a rua com um desprezo inconcusso mas sereno, quase piedoso. E a tonalidade viva dos seus olhos, um castanho magnífico de brilho desigual, atribuía a esse olhar traços de misticismo e metafísica, e conferia um carácter único à sua fisionomia.
A correria prosseguia, e só o cigano caminhava de verdade, com a tranquilidade de quem não precisa de correr por não ter nada por que fazê-lo. No entanto, essa tranquilidade não era totalmente sincera; havia na retaguarda algum esforço para reprimir aquilo que poderia atormentá-la. E enquanto a rua se fazia encher e vazar de gente apressada, sem tempo sequer para olhá-la com olhos indiferentes, o cigano prestava atenção aos pormenores ínfimos de cada recanto mal iluminado, talvez na esperança de encontrar resposta às suas profundas interrogações, essas sombras teimosas na sua mente hiperactiva que precisavam de ser enxotadas ou confinadas a um cofre sem chave. Na verdade, podia dizer-se que não conhecia verdadeira tranquilidade desde o dia em que conhecera o seu filho.
Marcando o ritmo melancólico daquela rua mercantil, o cigano ia interpretando, uma por uma, músicas de essência marcadamente popular, misturando a natureza do fado com a simplicidade de harmonia jogral, através de um extenso reportório que mais parecia não ter fim. Cada vez que terminava uma música, e sempre com os olhos fechados, parecia fazer uma vénia a alguém que, supostamente, estaria a aplaudi-lo. Depois, ao longo de uns breves instantes sombrios, tocava cinco ou seis notas desencontradas, para logo dar início a uma nova música, que iria mostrar-se ao ouvinte atento elucidativa dessas notas prévias aparentemente desenquadradas e desarmoniosas. O ritmo, esse era sempre o mesmo.
Ao contrário de outros, que tocavam nas ruas com o intuito de pedir esmola, o cigano pretendia apenas enlevar os espíritos das pessoas que, preocupadas com os seus afazeres e com a vida desenfreada que levavam, passavam pela rua em que tocava. Não pedia qualquer remuneração, embora por vezes alguém bem intencionado fizesse voar uma moeda até aos pés do cigano, que acabava por apanhá-la e guardá-la. Não era, de modo algum, como os outros. Na sua ideia, a música não era um bem passível de ser comercializada. A música seria talvez o mais universal dos mistérios, e nunca uma verdadeira criação humana sujeitável a direitos de autor. Se era música, então não constituía pertença de ninguém, nem poderia nunca ser-lhe atribuída compositor ou intérprete. A música era, como ele, vagabunda, humilde, incompreendida, maltratada e indevidamente explorada pela sociedade.
Naquele Sábado vespertino, em que o clima tenso de humidade ameaçava culminar em portentosa trovoada, vivia-se o último estertor consumista característico do carácter materialista convenientemente associado à quadra natalícia. Aquilo que deveria ser um tempo de paz, harmonia e amor fora irreversivelmente transformado numa corrida extenuante de consumo exagerado, fonte de stress e desperdício. E era ao som rouco do acordeão que essa corrida se desenrolava, numa das muitas ruas criteriosamente preparadas para receber todos aqueles participantes na maratona de Natal. Sem blocos nem vozes de partida, todos se acotovelavam por um lugar naquela correria. E o cigano, à parte de toda a agitação, continuava a tocar as suas melodias tristes, de olhos fechados, elevado a um estado de alienação quase patológico.
A tarde estava no fim, embora sem que isso afectasse minimamente o movimento daquela rua. Apenas o cigano, cujos dedos começavam a ficar enregelados com o frio nocturno, com um semblante amargo sulcado na sua expressão pelo tempo e pela sua dura vivência e transportando o acordeão arrumado debaixo do braço direito, partia com nada mais do que quando chegara. Só agora, e dificilmente, devido à luz difusa que resulta da mistura da iluminação artificial com os derradeiros salpicos luminosos que o Sol derrama no ocaso, podia ver-se o seu olhar intenso e austero varrendo a rua com um desprezo inconcusso mas sereno, quase piedoso. E a tonalidade viva dos seus olhos, um castanho magnífico de brilho desigual, atribuía a esse olhar traços de misticismo e metafísica, e conferia um carácter único à sua fisionomia.
A correria prosseguia, e só o cigano caminhava de verdade, com a tranquilidade de quem não precisa de correr por não ter nada por que fazê-lo. No entanto, essa tranquilidade não era totalmente sincera; havia na retaguarda algum esforço para reprimir aquilo que poderia atormentá-la. E enquanto a rua se fazia encher e vazar de gente apressada, sem tempo sequer para olhá-la com olhos indiferentes, o cigano prestava atenção aos pormenores ínfimos de cada recanto mal iluminado, talvez na esperança de encontrar resposta às suas profundas interrogações, essas sombras teimosas na sua mente hiperactiva que precisavam de ser enxotadas ou confinadas a um cofre sem chave. Na verdade, podia dizer-se que não conhecia verdadeira tranquilidade desde o dia em que conhecera o seu filho.
sexta-feira, março 21, 2008
Fuga.
Um copo vazio na mesa
E uma garrafa no chão
Perdido na incerteza
De ter a vida na mão
Mais um cigarro apagado
Num cinzeiro frio e escuro
Mais um gesto improvisado
P'ra fugir ao meu futuro
De caneta presa aos dedos
E de cabelo apanhado
Fujo agora dos meus medos
P'ra não fugir do passado
E nesta fuga parada
Apenas por companhia
Tenho a página riscada
Campo de melancolia
25/09/2007
20:44
E uma garrafa no chão
Perdido na incerteza
De ter a vida na mão
Mais um cigarro apagado
Num cinzeiro frio e escuro
Mais um gesto improvisado
P'ra fugir ao meu futuro
De caneta presa aos dedos
E de cabelo apanhado
Fujo agora dos meus medos
P'ra não fugir do passado
E nesta fuga parada
Apenas por companhia
Tenho a página riscada
Campo de melancolia
25/09/2007
20:44
quinta-feira, março 20, 2008
A Prostituição do Dom.
Elevam-se as almas num vendaval de sombras,
Vividas vidas num tempo recorrente,
E as estrelas interrompem o fulgor dos seus lábios
Para na sua morada acolherem o sossobrar de um Quixote de remendos.
Lilás e cinzento,
Agridoce,
Solarenga vissicitude de morder os calcanhares à Grande Roda,
Enquanto por ela nos deixamos prender e arrastar e esquartejar e perecer…
A vida em trilogias,
Marte nos meus devaneios,
Plutão desolado nos olhos,
E a monarca da noite a entreter-me os sonhos.
Texturas descosidas da inocência,
Hidratos de carbono nos intervalos,
Momentos abrasivos, Ursa Maior…
O meu vôo é o do cisne,
Deneb a minha consciência,
E a lira dos meus dedos mais parece uma guilhotina,
Carrasco de todos os males,
Penhor de todos os bens.
Quando abalei, de manhã, o sol era eterno.
Agora, findo o dia, chegada a hora, à beira do teu
Precipício
(Abismo, tintura, fera…),
A tua face tem menos brilho,
Mas o teu calor é mais brando,
Tépido baluarte do Império do Vento.
Deixa-me subir àquela árvore,
Colher um dos seus rubros frutos,
Mordê-lo,
Saboreá-lo,
Mastigá-lo,
Engoli-lo…
Deves-me a vida,
Assim como eu ta devo…
20/03/2008
16:45
Vividas vidas num tempo recorrente,
E as estrelas interrompem o fulgor dos seus lábios
Para na sua morada acolherem o sossobrar de um Quixote de remendos.
Lilás e cinzento,
Agridoce,
Solarenga vissicitude de morder os calcanhares à Grande Roda,
Enquanto por ela nos deixamos prender e arrastar e esquartejar e perecer…
A vida em trilogias,
Marte nos meus devaneios,
Plutão desolado nos olhos,
E a monarca da noite a entreter-me os sonhos.
Texturas descosidas da inocência,
Hidratos de carbono nos intervalos,
Momentos abrasivos, Ursa Maior…
O meu vôo é o do cisne,
Deneb a minha consciência,
E a lira dos meus dedos mais parece uma guilhotina,
Carrasco de todos os males,
Penhor de todos os bens.
Quando abalei, de manhã, o sol era eterno.
Agora, findo o dia, chegada a hora, à beira do teu
Precipício
(Abismo, tintura, fera…),
A tua face tem menos brilho,
Mas o teu calor é mais brando,
Tépido baluarte do Império do Vento.
Deixa-me subir àquela árvore,
Colher um dos seus rubros frutos,
Mordê-lo,
Saboreá-lo,
Mastigá-lo,
Engoli-lo…
Deves-me a vida,
Assim como eu ta devo…
20/03/2008
16:45
domingo, março 16, 2008
domingo, março 09, 2008
Tabuleiro.
A vida joga-se num tabuleiro,
Dados ao vento da Fortuna,
Peões que demandam contra o Hades,
E a carta infausta das Tormentas nas mãos cálidas de uma Musa.
Rolam-se números fortuitos que se despem de sentido,
E avança-se para nova catacumba,
Deambulando sem jeito a masmorra do Eterno.
Recua-se,
Joga-se o mundo às avessas,
Constrói-se a Torre de Marfim,
E patrocinam-se as Espadas e os Ouros.
O tabuleiro arrumado,
Peças deixadas num qualquer vácuo,
Uma vã glória no triunfo,
Mesma a vã desgraça de ser vencido,
Um bloco de notas sem dono,
E todas as transacções desmaterializadas.
Joga-se a vida,
Mas não a morte…
A morte, essa vive-se.
08/03/2008
5:16
Dados ao vento da Fortuna,
Peões que demandam contra o Hades,
E a carta infausta das Tormentas nas mãos cálidas de uma Musa.
Rolam-se números fortuitos que se despem de sentido,
E avança-se para nova catacumba,
Deambulando sem jeito a masmorra do Eterno.
Recua-se,
Joga-se o mundo às avessas,
Constrói-se a Torre de Marfim,
E patrocinam-se as Espadas e os Ouros.
O tabuleiro arrumado,
Peças deixadas num qualquer vácuo,
Uma vã glória no triunfo,
Mesma a vã desgraça de ser vencido,
Um bloco de notas sem dono,
E todas as transacções desmaterializadas.
Joga-se a vida,
Mas não a morte…
A morte, essa vive-se.
08/03/2008
5:16
sexta-feira, março 07, 2008
terça-feira, março 04, 2008
Distopia.
Não sou pescador de sonhos nem caçador de fantasmas,
Mas sob o alvo júbilo de um céu estrelado,
Como eles sou pequeno.
Devia ser como dantes, noites sem máscara,
Em que deambulavam fadas e elfos por trilhos familiares;
Noite escura, noite encantada, noite brilhante na sua submissão…
Aposta-se a vida num delírio que resvala,
Joga-se a própria sede com os habitantes cautos da aurora,
Ensina-se a vitória e a derrota,
E percebe-se que a vida é sibilante.
Torturo a minha infância com mecanismos legalizados,
Legitimados pela minha cobardia,
E perco a derradeira oportunidade de dançar,
Ao luar meigo de Outono,
Com os pássaros que abalam para o horizonte,
Livres de culpas.
Ululam em chamamento as minhas penas,
Mas já vos disse:
Nem pesco sonhos, bem caço fantasmas;
Sou apenas um murmúrio que descansa sobre uma pedra de saudade,
À espera da minha Arca da Aliança.
03/03/2008
21:49
Mas sob o alvo júbilo de um céu estrelado,
Como eles sou pequeno.
Devia ser como dantes, noites sem máscara,
Em que deambulavam fadas e elfos por trilhos familiares;
Noite escura, noite encantada, noite brilhante na sua submissão…
Aposta-se a vida num delírio que resvala,
Joga-se a própria sede com os habitantes cautos da aurora,
Ensina-se a vitória e a derrota,
E percebe-se que a vida é sibilante.
Torturo a minha infância com mecanismos legalizados,
Legitimados pela minha cobardia,
E perco a derradeira oportunidade de dançar,
Ao luar meigo de Outono,
Com os pássaros que abalam para o horizonte,
Livres de culpas.
Ululam em chamamento as minhas penas,
Mas já vos disse:
Nem pesco sonhos, bem caço fantasmas;
Sou apenas um murmúrio que descansa sobre uma pedra de saudade,
À espera da minha Arca da Aliança.
03/03/2008
21:49
domingo, março 02, 2008
sábado, março 01, 2008
Serás tu..?
A senda que se abriu
Entre o ontem e o depois,
Jamais os olhos porosos do bolor
E as avaras mãos do esquecimento
Tocarão.
Sempre nas trevas há sementes de loucura,
E luz aos flocos como neve do Olimpo.
Viram-se as páginas quase soltas,
Algumas amarelas de vergonha,
Mas nenhuma alvura como a capitular de um reencontro
Desmascarado.
Os deuses dormem sonos inquietos,
Em velhos lençóis de tecido rarefeito...
Eu durmo enleado no secretismo escarlate
De desfolhadas,
E sonho como o livro nunca escrito,
Mas sonhado,
E que vou decorando a cada travessia descuidada do ocaso.
Serás tu a minha saga,
Odisseia do meu olhar,
Epopeia do delirante precipício
Em que tropeço de propósito para cair
Na minha Atlântida.
29/02/2008
22:10
Entre o ontem e o depois,
Jamais os olhos porosos do bolor
E as avaras mãos do esquecimento
Tocarão.
Sempre nas trevas há sementes de loucura,
E luz aos flocos como neve do Olimpo.
Viram-se as páginas quase soltas,
Algumas amarelas de vergonha,
Mas nenhuma alvura como a capitular de um reencontro
Desmascarado.
Os deuses dormem sonos inquietos,
Em velhos lençóis de tecido rarefeito...
Eu durmo enleado no secretismo escarlate
De desfolhadas,
E sonho como o livro nunca escrito,
Mas sonhado,
E que vou decorando a cada travessia descuidada do ocaso.
Serás tu a minha saga,
Odisseia do meu olhar,
Epopeia do delirante precipício
Em que tropeço de propósito para cair
Na minha Atlântida.
29/02/2008
22:10
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Estarei sempre à tua espera...
Estarei sempre à tua espera
Enquanto houver Primavera
Nos interstícios da lua
E nos Verões mais submissos
Esperarei os teus feitiços
Na esquina de qualquer rua
Em frescas manhãs de Outono
Em tantas noites sem sono
Espero pelo teu olhar
E em tempestades de Inverno
Mil juras de amor eterno
Depois de tanto esperar
Nesta espera desmedida
Pelos trilhos de uma vida
Pelas sombras de um desejo
Brotam poemas cantados
Sentimentos revelados
Na promessa do teu beijo
Só o luar anuncia
Esse palco de magia
Que até no escuro tem cor
Depois desta espera ardente
Escrevo no teu corpo quente
Uma epopeia de amor
04/10/2007
2:18
(Fado Maria Rita,
Armando Machado)
Enquanto houver Primavera
Nos interstícios da lua
E nos Verões mais submissos
Esperarei os teus feitiços
Na esquina de qualquer rua
Em frescas manhãs de Outono
Em tantas noites sem sono
Espero pelo teu olhar
E em tempestades de Inverno
Mil juras de amor eterno
Depois de tanto esperar
Nesta espera desmedida
Pelos trilhos de uma vida
Pelas sombras de um desejo
Brotam poemas cantados
Sentimentos revelados
Na promessa do teu beijo
Só o luar anuncia
Esse palco de magia
Que até no escuro tem cor
Depois desta espera ardente
Escrevo no teu corpo quente
Uma epopeia de amor
04/10/2007
2:18
(Fado Maria Rita,
Armando Machado)
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Coma II.
Espero indefinidamente pelo dia em que vou poder erguer os braços de novo, e conversar com os meus amigos, e passear com as pernas em vez de deambular com a mente. Estou tão saturado desta forma de vida inerte. Vivo das minhas memórias e daquilo que imagino a partir delas, mas isso é virtual e não me satisfaz. Queria tanto poder simplesmente deliberar as inspirações e expirações que, neste momento, sei que se processam automaticamente apesar de não lhes sentir sequer a memória de respirar conscientemente. Tudo o que de biológico e físico se passava comigo adormeceu por tempo indeterminado, deixando-me neste estado agonizante e desesperante.
A minha última conexão com o exterior são os sons e as vozes que oiço, de vez em quando, à minha volta. Calculo serem os meus familiares que me visitam a uma cama de hospital, em angustiante espera por algum sinal de recuperação. E eu, que desejo acima de qualquer um o meu despertar, vejo-me impotente e fraco para lutar seja pelo que for. Não sei se algum dia voltarei à vida que tinha, à vida dinâmica e vívida que todos os outros vivem, mas sinto esporadicamente que cheguei à minha meta. A partir daqui, só outra coisa, mas não a vida que tinha. Essa morreu definitivamente. Só o meu corpo imóvel resta como resquício triste dessa outrora felicíssima vida que partilhei com tanta gente querida e menos querida.
Penso e repenso e torno a pensar mais uma vez… É tudo o que tenho. O resto, perdi-o. Imagino e sonho e especulo e construo mentalmente um mundo igual ao que deixei para me manter ocupado e esquecer momentaneamente da minha condição. Crio situações hipotéticas na minha mente e observo o seu desenrolar com tal nitidez que chego a julgar-me acordado, para em seguida voltar á realidade fria e cruel de ser um vegetal. Sim, um vegetal. Como me custa pensar desta forma acerca de mim. Não sou mais do que um vegetal. Foi nisso que me transformei quando… Quando o quê? Quando fiquei eu assim? O que aconteceu? Já me falha memória… Ah sim, recordo-me agora. Terá sido assim há tanto tempo…?
A minha última conexão com o exterior são os sons e as vozes que oiço, de vez em quando, à minha volta. Calculo serem os meus familiares que me visitam a uma cama de hospital, em angustiante espera por algum sinal de recuperação. E eu, que desejo acima de qualquer um o meu despertar, vejo-me impotente e fraco para lutar seja pelo que for. Não sei se algum dia voltarei à vida que tinha, à vida dinâmica e vívida que todos os outros vivem, mas sinto esporadicamente que cheguei à minha meta. A partir daqui, só outra coisa, mas não a vida que tinha. Essa morreu definitivamente. Só o meu corpo imóvel resta como resquício triste dessa outrora felicíssima vida que partilhei com tanta gente querida e menos querida.
Penso e repenso e torno a pensar mais uma vez… É tudo o que tenho. O resto, perdi-o. Imagino e sonho e especulo e construo mentalmente um mundo igual ao que deixei para me manter ocupado e esquecer momentaneamente da minha condição. Crio situações hipotéticas na minha mente e observo o seu desenrolar com tal nitidez que chego a julgar-me acordado, para em seguida voltar á realidade fria e cruel de ser um vegetal. Sim, um vegetal. Como me custa pensar desta forma acerca de mim. Não sou mais do que um vegetal. Foi nisso que me transformei quando… Quando o quê? Quando fiquei eu assim? O que aconteceu? Já me falha memória… Ah sim, recordo-me agora. Terá sido assim há tanto tempo…?
sábado, fevereiro 23, 2008
DesNort(e)ado.
Trevos de quatro folhas e ferraduras abençoadas
Tropeçam no meu caminho em frenesins descabidos,
Relento de oportunidades baralhadas,
Frutos da ocasião de geração espontânea,
Galgos velozes no impasse da torrente,
Lívido como a ponta de um cigarro.
As aragens trazem fulgores esbatidos das silhuetas do desejo,
Compassos de ternura divina,
Flauta de Pã, lira de Apolo…
Verdes as vivências desgarradas do Outono,
Num concílio onde se vetam fases mortas,
Vivo no domicílio das imagens.
Grande o suplício da vindima dos temores,
Herodes, Calígula, Sun-Tzu…
Doravante, libertinagem gritante,
Diademas marchetados das minhas cores,
Estrela de David, Andrómeda, o infinito…
A verdade são duas gotas de mel de rosmaninho.
Semelhança na indiferença,
Diferença na temperança,
E o sufoco que se entaipa na garganta.
As memórias são de pano,
Mapas do fim do mundo, Cabo das Tormentas…
Ao largo zarpam as glórias que se revezam,
Futuro jucundo, idade doente,
Claras as certezas de um bocejo.
Ao mar…
Chove a semântica nos prados e a retórica nos abismos,
E chove assim a dúbia senda do que já fui,
Do que vou sendo,
Do que morri e do que morro…
Afinal, nem todos os pássaros rumam ao Sul.
22/02/2008
4:59
Tropeçam no meu caminho em frenesins descabidos,
Relento de oportunidades baralhadas,
Frutos da ocasião de geração espontânea,
Galgos velozes no impasse da torrente,
Lívido como a ponta de um cigarro.
As aragens trazem fulgores esbatidos das silhuetas do desejo,
Compassos de ternura divina,
Flauta de Pã, lira de Apolo…
Verdes as vivências desgarradas do Outono,
Num concílio onde se vetam fases mortas,
Vivo no domicílio das imagens.
Grande o suplício da vindima dos temores,
Herodes, Calígula, Sun-Tzu…
Doravante, libertinagem gritante,
Diademas marchetados das minhas cores,
Estrela de David, Andrómeda, o infinito…
A verdade são duas gotas de mel de rosmaninho.
Semelhança na indiferença,
Diferença na temperança,
E o sufoco que se entaipa na garganta.
As memórias são de pano,
Mapas do fim do mundo, Cabo das Tormentas…
Ao largo zarpam as glórias que se revezam,
Futuro jucundo, idade doente,
Claras as certezas de um bocejo.
Ao mar…
Chove a semântica nos prados e a retórica nos abismos,
E chove assim a dúbia senda do que já fui,
Do que vou sendo,
Do que morri e do que morro…
Afinal, nem todos os pássaros rumam ao Sul.
22/02/2008
4:59
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Haiku.
Já te disse noutro dia
Sou feliz como um repolho
Não sei porque to dizia
Tamanha sabedoria
Cabe no cu de um piolho
13/02/2008
17:24
(Quintilha haikudesca, escrita com a colaboração de Mário Ribeiro, Sofia Marques e Marlene Marques, numa cálida tarde passada no Penedo da Saudade.)
Sou feliz como um repolho
Não sei porque to dizia
Tamanha sabedoria
Cabe no cu de um piolho
13/02/2008
17:24
(Quintilha haikudesca, escrita com a colaboração de Mário Ribeiro, Sofia Marques e Marlene Marques, numa cálida tarde passada no Penedo da Saudade.)
domingo, fevereiro 03, 2008
Comunicado.
Gosto de falar por enigmas
Palavras vãs de pus gangrenoso, dorido
Gosto de açoitar paradigmas
Garridos cãs de tom cavernoso, prurido
Gosto de imitar as serpentes
Com a táctica não desvendada da sede
Gosto de espalhar as sementes
Com a prática vaga encostada à parede
Gosto de migar os sentidos
Vácuos relvados de cerimónias grotescas
Gosto de sonhar sem partidos
Rara a vez tomados, parcimónias nem frescas
Gosto de aportar com piratas
Sempre frágeis embrulhos vazios, despojados
Gosto de esmagar as baratas
Reles ágeis como desafios renegados
Gosto de ensinar ao futuro
Que o vivido destrói as lamelas riscadas
Gosto de dançar com o escuro
Que encardido constrói várias águas-furtadas
Gosto de falar por enigmas
Expressões parabólicas acidentais
Gosto de enterrar paradigmas
Guarnições diabólicas que estão a mais
10/01/2008
7:53
Palavras vãs de pus gangrenoso, dorido
Gosto de açoitar paradigmas
Garridos cãs de tom cavernoso, prurido
Gosto de imitar as serpentes
Com a táctica não desvendada da sede
Gosto de espalhar as sementes
Com a prática vaga encostada à parede
Gosto de migar os sentidos
Vácuos relvados de cerimónias grotescas
Gosto de sonhar sem partidos
Rara a vez tomados, parcimónias nem frescas
Gosto de aportar com piratas
Sempre frágeis embrulhos vazios, despojados
Gosto de esmagar as baratas
Reles ágeis como desafios renegados
Gosto de ensinar ao futuro
Que o vivido destrói as lamelas riscadas
Gosto de dançar com o escuro
Que encardido constrói várias águas-furtadas
Gosto de falar por enigmas
Expressões parabólicas acidentais
Gosto de enterrar paradigmas
Guarnições diabólicas que estão a mais
10/01/2008
7:53
sábado, fevereiro 02, 2008
Apostasia.
Entorno da senda dos meus passos
Gélidas ideias da vida que se encomenda…
Já fui distância que se embaraça no impasse da loucura,
Mas agora sou apenas eu,
Distante de mim, mas inabalavelmente eu.
Faço de conta que sou profeta diluviano,
E afago os dias com mãos de firmamento.
Apenas o trago roufenho de uma qualquer bebida espirituosa,
O beijo entregue ao meu delírio,
A sombra do que pudera ser se não fosse eu.
Decerto loucamente,
Prorrogo o esquecimento e a aférese do meu silêncio,
E fico suspenso no nominativo das palavras.
Procuro a abcissa do entretanto,
Nesta abiótica torrente de êxodos icásticos,
E anseio pela total apostasia do concreto.
02/02/2008
5:28
Gélidas ideias da vida que se encomenda…
Já fui distância que se embaraça no impasse da loucura,
Mas agora sou apenas eu,
Distante de mim, mas inabalavelmente eu.
Faço de conta que sou profeta diluviano,
E afago os dias com mãos de firmamento.
Apenas o trago roufenho de uma qualquer bebida espirituosa,
O beijo entregue ao meu delírio,
A sombra do que pudera ser se não fosse eu.
Decerto loucamente,
Prorrogo o esquecimento e a aférese do meu silêncio,
E fico suspenso no nominativo das palavras.
Procuro a abcissa do entretanto,
Nesta abiótica torrente de êxodos icásticos,
E anseio pela total apostasia do concreto.
02/02/2008
5:28
segunda-feira, janeiro 21, 2008
Um amor que não tem margem.
Na certeza de ser pássaro
E voar sobre o meu corpo
Há um sonho que transporto
Pela brisa em que vogo
Na pele em que me sinto
E nos olhos por que vejo
Tento ser todo esse amor
Que entrevejo a dormir
E na fala de um anjo
Que encontro sem procurar
Há um livro sempre aberto
Como um mar por descobrir
E nas asas em que voo
Com esta cumplicidade
Vou desbravando nas águas
Um amor que não tem margem
No sorriso que pressinto
Quando espreito pelo ombro
E me deparo contigo
A soprar todo esse vento
Cabelos desalinhados
Cobrindo as faces que meigas
Me transbordam e contêm
Em carinhos não contidos
05/12/2004
E voar sobre o meu corpo
Há um sonho que transporto
Pela brisa em que vogo
Na pele em que me sinto
E nos olhos por que vejo
Tento ser todo esse amor
Que entrevejo a dormir
E na fala de um anjo
Que encontro sem procurar
Há um livro sempre aberto
Como um mar por descobrir
E nas asas em que voo
Com esta cumplicidade
Vou desbravando nas águas
Um amor que não tem margem
No sorriso que pressinto
Quando espreito pelo ombro
E me deparo contigo
A soprar todo esse vento
Cabelos desalinhados
Cobrindo as faces que meigas
Me transbordam e contêm
Em carinhos não contidos
05/12/2004
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Desabafo...
Porque às vezes as memórias são salgadas
E o lume é um botão de mágoa em flor
Se há sentenças que na vida estão marcadas
É certa a crua perda de um amor
15/01/2008
2:38
E o lume é um botão de mágoa em flor
Se há sentenças que na vida estão marcadas
É certa a crua perda de um amor
15/01/2008
2:38
segunda-feira, janeiro 14, 2008
Life hoop.
Grab a gun and blow the liver
I just wanna walk alone
Shoot her down at dawn and leave her
I’ll still buy my ice-cream cone
I just wanna walk alone
Same old tales and same old stories
Drown the soul in pools of beer
Get a hold of those fool glories
Watch out if the way is clear
Drown the soul in pools of beer
Grab the knife, I’ll kill my brains
For a glass or two of wine
I know how your door complains
When that door is really mine
I just wanna cross the line
I forget to knock and wait for
My turn in the queue
I just wish I had the time to
Listen to you
11/01/2008
19:38
I just wanna walk alone
Shoot her down at dawn and leave her
I’ll still buy my ice-cream cone
I just wanna walk alone
Same old tales and same old stories
Drown the soul in pools of beer
Get a hold of those fool glories
Watch out if the way is clear
Drown the soul in pools of beer
Grab the knife, I’ll kill my brains
For a glass or two of wine
I know how your door complains
When that door is really mine
I just wanna cross the line
I forget to knock and wait for
My turn in the queue
I just wish I had the time to
Listen to you
11/01/2008
19:38
Soneto.
Reservo-me a liberdade de ler
Constantes esdrúxulas no caminho
Hieróglifos que interpreto sozinho
Por essas madrugadas sem prazer
Decoro as expressões acabrunhadas
Perdidas como foram nos espaços
Feridas que transporto nos meus passos
Atentas aos motivos das pegadas
No turbilhão que em mim se emancipou
Florescem duradouras qualidades
Que rasgam as razões do que não sou
É então que no escuro me discorro
E elevo ao desvario das faculdades
Fragmentos que me doem do que morro
11/01/2008
6:30
Constantes esdrúxulas no caminho
Hieróglifos que interpreto sozinho
Por essas madrugadas sem prazer
Decoro as expressões acabrunhadas
Perdidas como foram nos espaços
Feridas que transporto nos meus passos
Atentas aos motivos das pegadas
No turbilhão que em mim se emancipou
Florescem duradouras qualidades
Que rasgam as razões do que não sou
É então que no escuro me discorro
E elevo ao desvario das faculdades
Fragmentos que me doem do que morro
11/01/2008
6:30
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